Em seus quase 20 anos de Afeganistão, os EUA usaram de biometria como parte de sua estratégia de ocupação. Para isso, fizeram uso de equipamentos chamados HIIDE (Handheld Interagency Identity Detection Equipment, “equipamento portátil de detecção de identidade interagências”, produzidos pela L-1 Identity Solutions). E, exatamente como aconteceu com suas armas, após a saída apressada, esses equipamentos foram parar nas mãos do Talibã.

A revelação foi feita por oficiais dos EUA ao veículo de jornalismo investigativo The Intercept.

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De fato, os HIIDE foram usados usada na captura de Osama Bin Laden, em 2012. Eles servem para, a partir de digitais, ou imagens da íris ou do rosto, identificar pessoas nos bancos de dados das agências de inteligência dos EUA (daí o “interagências”). Basicamente é uma espécie de câmera que se aponta para alguém e diz quem é.

Não seria tanta coisa se o Talibã pudesse identificar terroristas (que eles provavelmente conhecem pessoalmente). O caso é que esses equipamentos foram usados em massa na população afegã, de forma a filtrar os terroristas e aliados, e como mera identificação.

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“Processamos [os registros de] milhares de locais por dia, tínhamos que identificar, procurar por cinturões-bomba, armas, coletar inteligência, etc.” um oficial de inteligência dos EUA não identificado afirmou ao Intercept. “[HIIDE] também era usado como uma ferramenta de identificação biométrica, para ajudar a identificar os afegãos trabalhando com a coalização”.

Talibã pode descobrir quem foi aliado dos EUA

Ainda segundo os oficiais, a preocupação não é que o Talibã consiga acessar os bancos de dados dos EUA. Eles não teriam o conhecimento técnico para isso. Porém, logo ali ao lado, há o Paquistão. E, segundo os agentes americanos, o ISI (Inter-Intelligence Service, “Serviço de Interinteligência”), agência secreta paquistanesa, colabora com o Talibã.

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Assim sendo, o Talibã facilmente poderia identificar e prender, executar, torturar, ou forçar a colaboração (inclusive tecnológica) de ex-colaboradores dos EUA.

Welton Chang, um oficial de tecnologia da ONG Human Rights First (“direitos humanos antes”), afirmou ao Intercept: “Não acredito que ninguém sequer pensou sobre a privacidade de dados e o que faríamos no caso do sistema cair nas mãos erradas. Daqui por diante, o aparato militar e diplomático dos EUA deviam pensar cuidadosamente se deviam instalar esses sistemas em situações tão tênues quanto o Afeganistão”.

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Imagem: L-1 Identity Solutions/Reprodução

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