Cinco toneladas de peixes e crustáceos mortos apareceram nos bancos do Mar Menor, um lago de água salgada na Espanha, conectado ao Mar Mediterrâneo. Antigamente vista como uma região paradisíaca, a área vem aos poucos se deteriorando em virtude da poluição causada pela agricultura local.

Segundo as autoridades, o alto volume de animais mortos removidos da praia é reflexo da redução de oxigênio na água. Relatos falam em peixes esticando a cabeça para fora d’água em busca de ar. Mais: as cinco toneladas retiradas correspondem apenas aos animais mortos que chegaram à praia – dentro da água, o número pode ser maior. “A pior contagem de animais selvagens mortos da história do Mar Menor ainda não acabou”, disse World Wildlife Fund (WWF), em tuíte na última semana.

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Região paradisíaca do Mar Menor esconde toneladas de peixes e animais mortos na Espanha
A cena paradisíaca de Mar Menor, o lago de água salgada na Espanha, esconde problemas ambientais vastos, que resultaram em quase 10 toneladas de animais mortos nos últimos dois anos. Imagem: Marta Cobos/Shutterstock

O Mar Menor tem 135 quilômetros quadrados (km²) de extensão, separado do Mar Mediterrâneo por uma faixa de terra de 22 km. Nessa área, há intensa atividade turística, mas também grande produção agrícola, que despeja uma quantidade considerável de substâncias derivativas de seu trabalho, gerando uma poluição de nutrientes.

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A poluição de nutrientes é uma das principais causas da eutrofização, que é o acúmulo de matéria orgânica morta. Basicamente, nutrientes como fosfatos e nitratos – normalmente existentes na água em quantidades naturalmente equilibradas – são despejados em ambientes marítimos, reduzindo os níveis de oxigênio e fazendo com que peixes e outros animais morram sufocados.

No caso do Mar Menor, esses nitratos vêm de fertilizantes usados nas plantações próximas.

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“É uma situação terrível”, disse Pedro Garcia, diretor de conservação regional da ONG ANSE, que teme que o número de animais mortos seja maior que o divulgado. À emissora de TV estatal RTVE, uma turista disse: “fazem três anos que não consigo nadar aqui por causa do cheiro horrível”.

A Ministra do Ambiente da Espanha, Teresa Ribera, acusou o governo regional de fazer vista grossa ao crescimento descontrolado de Campo de Cartagena, uma fazenda de intensa atividade agrícola que aumentou seu tamanho em mais de 10 vezes nos últimos 40 anos, sem regulamentação.

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“Não há espaço para complacência”, disse ela aos repórteres da TV estatal. “Esses oito mil hectares de terra não têm os direitos adequados de irrigação, e seus donos estão, ilegalmente, extraindo água ou a usando em quantidades muito acima de suas qualificações”.

Representantes do setor agrícola dizem que cumprem à risca todas as regulamentações ambientais. Entretanto, uma associação de biólogos da região afirma que “não há dúvidas” de que a causa de tudo isso seja o excesso de nitratos. “A água que escapa dessas instalações explica a constante eutrofização que gera uma alta mortalidade animal, o cheiro horrível e o aspecto ‘nebuloso’ do lago”, disseram à AFP em comunicado.

O incidente supera o ocorrido na mesma região em 2019, quando três toneladas de animais mortos acabaram na praia.

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