O visual de cometa do asteroide Phaethon (oficialmente, “3200 Phaethon”) pode ser derivado da efervescência de camadas de sódio, segundo nova teoria elaborada por cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da Nasa. Normalmente, eles dizem, asteroides não possuem caudas ou coroas em sua apresentação visual.

De forma resumida, a teoria afirma que, à medida que o asteroide se aproxima do Sol, o sódio em sua composição química se aquece, tornando-se vapor e escapando por rachaduras na superfície da rocha espacial. Nesse processo, uma “mini tempestade” agita rochas menores, que vão sendo deixadas para trás junto da nuvem de sódio, criando o aspecto de cauda longa que é mais comum em cometas.

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Ilustração mostra o asteroide Phaethon adquirindo seu visual de cometa
Ilustração da Nasa mostra o Phaethon sendo “esquentado” pelo Sol, o que faz com que o sódio presente no asteroide entre em efervescência e crie uma falsa cauda, dando a impressão de um cometa. Imagem: Nasa/JPL-Caltech/Divulgação

“Asteroides como o Phaethon têm uma gravidade bem fraca, então não há necessidade de muita força para espalhar destroços ou deslocar pedras de rachaduras”, disse Björn Davidsson, co-autor do estudo. “Nossos modelos sugerem que pequenas quantidades de sódio são tudo o que se precisa — nada explosivo, como o vapor em erupção que se vê nos cometas; está mais para um efeito efervescente contínuo”.

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Em outras palavras, é mais ou menos a mesma coisa de quando você abre uma garrafa de refrigerante e ela transborda – mas não estoura – por causa do gás acumulado.

Além do visual, o Phaethon também imita outros aspectos de um cometa, como por exemplo a sua trajetória elíptica. Seu curso começa na região de Marte, viajando pelo espaço até passar pelas imediações quentes de Mercúrio e do Sol, até ser ejetado de volta. Todo esse “rolê” dura, em média, 524 dias.

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É nessa segunda parte que a “imitação de cometa” é mais evidente: à medida em que esquenta, o asteroide Phaeton derrete qualquer tipo de elemento químico congelado – água, monóxido e dióxido de carbono, por exemplo. Sódio, que é o elemento apontado pelos cientistas como culpado pela “cauda”, tende a ser mais resistente ao calor (ou seja, demora bem mais para derreter), mas apenas uma fina camada dele é encontrada no asteroide.

Em testes de laboratório, quantidades similares foram expostas a temperaturas controladas que imitam o calor de Mercúrio e do Sol. Como resultado, o sódio efervesceu.

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“De acordo com nossas conclusões, se as condições forem corretas, o [derretimento do] sódio pode explicar a natureza de alguns asteroides ativos, deixando ainda mais complexo o espectro entre asteroides e cometas”, disse Joe Masiero, um cientista de sistemas solares na Caltech, instituição ligada ao JPL e à Nasa.

O estudo completo pode ser visto no Planetary Science Journal.

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