A edição mais recente do Olhar Espacial, o quadro voltado às notícias do espaço no Olhar Digital, respondeu a uma questão bastante comum dos nossos leitores: afinal, qual a diferença entre “matéria escura” e “energia escura”?

Também durante o programa foram abordadas questões sobre o início da ciência da Cosmologia e o papel fundamental que ela desempenha ao desvendar os mistérios pertinentes ao início do universo.

Participaram da edição o Mestre em física com ênfase em Cosmologia pela Universidade Federal de Campina Grande, Felipe Sérvulo; o doutorando do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e o presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e colunista do Olhar Digital, Marcelo Zurita.

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“A cosmologia é uma ciência bem ampla – assim como a astrofísica [que estuda a evolução das estrelas] e a astronomia [que observa o comportamento dos corpos celestes]. No caso da cosmologia, o estudo é relacionado à evolução do universo, como ele nasceu e como ele vai – se é que posso usar essa palavra – morrer”, disse Sérvulo.

Segundo o especialista, a ciência em questão nasceu de uma curiosidade natural do ser humano, de saber de onde as coisas surgem. No caso do universo, ainda existem muitas questões a serem respondidas, então o entendimento do especialista é o de que a cosmologia veio para tentar aliviar algumas dessas perguntas por meio de métodos científicos.

Outro ponto interessante do quadro foi a questão da matéria escura, e como ela difere da energia escura. Sérvulo e Rubinho concordam que ela, hoje, corresponde a um dos maiores desafios dos estudos espaciais – se não o maior.

“Ambas são tópicos que todos gostam de conversar sobre, mas ninguém sabe o que são. Nem mesmo os cosmólogos”, disse Sérvulo, explicando que essa “falta” de conhecimento se dá pelo fato de que tanto a matéria escura como a energia escura são, hoje, inobserváveis. Como a luz não incide sobre elas, não é possível olhá-las diretamente, então nós apenas sabemos que elas existem pela influência exercida por elas em corpos vizinhos.

Entretanto, entre si, elas são diametralmente opostas: a matéria escura atua como se fosse uma espécie de “cimento” que segura os elementos do universo em suas posições. Ela age como uma força de atração, ou seja, ela interage com a gravidade, mas não reflete, absorve, irradia nem emite luz. Enquanto isso, a energia escura age como uma força de repulsão, ou seja, ela afasta os corpos do centro do universo, colaborando com a sua expansão.

Gráfico exibido no Olhar Espacial mostra o papel da matéria escura e outros tópicos de composição do universo
A composição universal, exibida na última edição do Olhar Espacial, mostra que, apesar de imensos progressos, nós ainda sabemos muito pouco sobre o espaço (Imagem: Olhar Digital/Reprodução)

Sérvulo expôs isso em forma de gráfico: entre as duas, a energia escura é a mais evidente, correspondendo a 69% do universo. A matéria escura entra com 25%. É daí que vem o consenso científico de que o universo – já imenso como é hoje – está se expandindo cada ez mais.

“Cinco por cento é tudo o que corresponde ao universo visível, ou seja, fótons, neutrinos, buracos negros, planetas como a Terra, galáxias… Tudo isso entra em apenas 5% do universo, que é o que observamos”, disse o especialista. “A energia escura age de forma oposta à gravidade, atualmente acelerando o universo”.

Sérvulo explica que o universo já vinha se expandindo antes, mas quando atingiu a idade aproximada de sete bilhões de anos, esse processo se acelerou. “Originalmente, nós só conseguimos observar isso após começarmos a enxergar as supernovas, na década de 1970, mas recentemente, um outro tipo de evento – as chamadas ‘oscilações acústicas de Bárions’ – nos permitiu enxergar a influência da energia escura com mais intensidade”.

O Olhar Espacial vai ao ar toda sexta-feira, a partir das 21h.

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