Em pouco mais de um ano e meio de pandemia, a evolução tecnológica para combater a Covid-19 conseguiu vários progressos, desde a criação da vacina até a eficácia de vários tipos de máscaras de proteção. Agora, um time de pesquisadores do Instituto de Biomedicina do Texas desenvolveu uma versão “rastreável” que modifica o Sars-Cov-2 – o vírus que causa a Covid-19 -, facilitando o seu monitoramento.

Segundo o estudo, publicado e revisado pelos pares no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o objetivo foi fazer com que o vírus brilhasse quando entrasse em contato com tecidos animais, permitindo que os especialistas monitorassem em tempo real a intensidade de uma infecção, bem como avaliar a velocidade de sua progressão.

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Imagem mostra uma versão rastreável do vírus da Covid-19, de um lado em vermelho; e verde do outro.
Marcadores coloridos posicionados em versão modificada do vírus da Covid-19 tornam a doença rastreável, o que deve facilitar o trabalho clínico de medir a sua progressão no corpo (Imagem: Texas Biomed/Divulgação)

“Agora, nós podemos ver para onde o vírus vai em modelos animais para a Covid-19”, disse o virologista Luis Martinez-Sobrido, Ph.D. e professor no Texas Biomed, além de principal autor do paper. “Ver como o vírus progride, e quais órgãos e tipos de células ele ataca de forma específica, será de grande ajuda para o compreendermos e otimizarmos respostas como drogas antivirais e vacinas”.

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De acordo com relato no Journal of Virology, um benefício adicional da novidade é analisar a velocidade de progressão justamente dessas medidas antivirais, como por exemplo a ampliação da capacidade de combate ao Sars-Cov-2 após a injeção de uma ou mais doses das vacinas.

O processo para isso envolveu o uso de “proteínas delatoras”, nas quais Martinez-Sobrido e sua equipe marcaram o sequenciamento genético do vírus modificado da Covid-19. Assim, quando essas proteínas encontrassem o vírus real, elas se anexariam a ele e ficariam iluminadas por um processo de bioluminescência.

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Na prática, elas não fazem nada contra o vírus em si, mas o fato de agirem como marcadores genéticos permite um monitoramento mais proativo por parte dos especialistas clínicos,

“Basicamente, nós inserimos essa genética na proteína nucleocápside – a mais proeminente no Sars-Cov-2”, disse Chengjin Ye, Ph.D e parte da equipe de Martinez-Sobrido. “[Depois disso], o resultado foi uma iluminação tão brilhante que quase me cegou pelo microscópio”, disse o biomédico.

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Além disso, o time adaptou as proteínas delatoras para se expressarem com diferentes cores, a fim de identificar até mesmo as muitas variantes do vírus, conseguindo avaliar o quão bem uma solução antiviral reage a duas ou mais versões do SARS-CoV-2.

“Essa é uma vantagem significativa para economizar tempo e recursos, especialmente diante de uma demanda tão alta de materiais básicos como plásticos e reagentes”, disse Kevin Chiem, candidato ao Ph.D. e um terceiro membro do time. “Conforme uma nova variante surge, nós poderemos rapidamente adaptar esse sistema e, de prontidão, relatar a eficácia dos anticorpos contra ela”.

O time já compartilhou seu material com mais de 100 laboratórios ao redor do mundo, então pesquisas mais aprofundadas no assunto devem surgir nos próximos meses.

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