Existe uma passagem bíblica que fala da destruição de Sodoma, uma cidade nos arredores do Mar Morto em que as pessoas viviam em pecado e, digamos… em meio a muitas “festas”. Incomodado, o Senhor do andar de cima teria resolvido o impasse mandando fogo e enxofre do céu e destruído toda a cidade. Sempre que ouvia essa história, imaginava que tamanho estrago deveria ter sido causado por um grande meteoro. Agora, uma equipe de cientistas parece ter reunido evidências de que um grande impacto pode ter sido realmente a causa da destruição da cidade bíblica.

Assista:

Em 2005, durante as escavações das ruínas de Tall el-Hammam, na Jordânia, arqueólogos se depararam com uma camada escura de cerca de 1 metro e meio de espessura cobrindo toda a cidade. Essa camada era rica em carvão e cinzas, tijolos e cerâmicas derretidas. Parecia óbvio que uma intensa tempestade de fogo havia destruído aquela cidade há muito tempo. Mas como isso teria acontecido?

Pesquisadores em meio às ruínas de Tall el-Hamman, com a camada de destruição no meio de cada parede exposta
Pesquisadores em meio às ruínas de Tall el-Hamman, com a camada de destruição no meio de cada parede exposta. Créditos: Phil Silvia

Era certo que aquela camada, chamada pelos pesquisadores de “camada da destruição”, não poderia ter sido causada por algum vulcão, terremoto ou guerra. Nenhum desses eventos são capazes de gerar temperaturas tão altas para derreter metais, tijolos e cerâmicas. Mesmo que aconteçam todos ao mesmo tempo.

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Só existem dois fenômenos conhecidos que são capazes de gerar essas temperaturas: a explosão de uma bomba atômica ou o impacto de um asteroide. Obviamente não haviam bombas atômicas há mais de 3 mil anos atrás. Então, os cientistas passaram a trabalhar na hipótese de que aquela cidade teria sido destruída pelo impacto de um corpo celeste.

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Os pesquisadores fizeram então uma série de simulações com diversos cenários diferentes e concluíram que somente o impacto de um asteroide semelhante ao de Tunguska teria potencial suficiente para produzir toda aquela destruição encontrada na antiga Tall el-Hammam.

Em Tunguska, um asteroide com cerca de 50 metros devastou mais de 2000 km² de floresta, mas não deixou nenhuma morte. Já em Tall el-Hammam, mais de 8 mil pessoas teriam morrido e toda a cidade teria sido destruída, além de outras cidades menores ao redor.

Para confirmar a hipótese, a equipe escavou e estudou minuciosamente a camada da destruição. E as evidências estavam por toda a parte. Imagens de microscópio mostram pequenas rachaduras em grãos de quartzo, que são geradas em grandes impactos. Também foram encontrados pequenos diamantes que podem ter se formado por madeiras e plantas locais submetidas a condições extremas de temperatura e pressão.

Imagens de microscópio eletrônico de numerosas pequenas rachaduras em grãos de quartzo
Imagens de microscópio eletrônico de numerosas pequenas rachaduras em grãos de quartzo. Créditos: Allen West

A camada também continha pequenas esférulas de areia que são formadas quando esse material é vaporizado no ar. Além disso, os restos de cerâmica e vidro encontrados estavam salpicados de minúsculos grãos metálicos, indicando que o material foi derretido a temperaturas superiores aos 4 mil graus.

Acima e à esquerda, esférulas feitas de areia derretida; Acima e à direita, gesso; e nas duas imagens abaixo, metais fundidos
Acima e à esquerda, esférulas feitas de areia derretida; Acima e à direita, gesso; e nas duas imagens abaixo, metais fundidos. Créditos: Malcolm LeCompte

A hipótese parece viável, mas será que um evento tão marcante não deixaria nenhuma testemunha? É possível que a história da destruição de Tall el-Hammam tenha sido transmitida oralmente através das gerações até que um dia, foi eternizada na Bíblia como a história de Sodoma.

A história bíblica descreve a devastação de um centro urbano perto do Mar Morto. Pedras e fogo teriam caído do céu, uma densa fumaça cobriu a cidade e seus habitantes foram todos mortos.

Arte do filme "God's Destruction of Sodom and Gomorrah"
Arte do filme “God’s Destruction of Sodom and Gomorrah”. Créditos: Eastern Lightning

Cientificamente, ainda faltam alguns elementos para confirmar a hipótese. Mas se ela estiver correta, os cientistas não só terão encontrado Sodoma e explicado as causas da sua destruição, mas também mostram que eventos de impacto como esse talvez não sejam tão raros assim.

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