A missão Chang’e-5, que consistiu de uma sonda lançada pela China em novembro de 2020, trouxe amostras do solo da Lua que têm quase 2 bilhões de anos, preenchendo um espaço na linha do tempo de nosso satélite que, até então, estava vazio.
A conclusão veio após um time internacional de pesquisadores analisar as amostras trazidas à Terra e publicar um novo estudo do caso no jornal científico Science na data de ontem (7).
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“É o exemplo perfeito para preenchermos esse vazio de 2 bilhões de anos”, disse Brad Joliff, professor de Ciências Planetárias do Centro McDonnell e co-autor da pesquisa. “É claro, ‘jovem’ é um termo meio relativo. Todas as rochas vulcânicas coletadas pelo projeto Apollo tinham mais de 3 bilhões de anos. E todas as jovens crateras de impacto cujas idades foram determinadas por análises de amostragem eram mais novas que um bilhão de anos. “Por isso, as amostras da Chang’e-5 preenchem um vazio crítico aos nossos estudos”.
A estimativa de idade das rochas lunares serve não apenas para detalhar melhor a linha do tempo da Lua, mas também para facilitar os estudos de formação planetária do nosso sistema solar. A Lua em si tem cerca de 4,5 bilhões de anos – um pouquinho mais jovem que a Terra -, mas ao contrário da nossa casa, o nosso satélite natural não tem os processos de erosão que “alisam” crateras e deixam a superfície mais “polida” ao longo dos anos.
Por essa razão, cientistas usam as crateras praticamente eternas da Lua para estimar a idade de diferentes áreas de sua superfície: “cientistas planetários sabem que, quanto mais crateras uma superfície tem, mais velha ela é; poucas crateras, por outro lado, ressaltam uma superfície jovem”, disse Joliff. “Essa é uma boa determinação, ainda que relativa. Mas para colocar um número absoluto nesse cálculo, amostras dessas superfícies são necessárias”.
Segundo ele, no estudo atual, foi possível determinar o número de quase 2 bilhões de anos de idade, com margem de erro de 50 milhões para mais ou para menos. Joliff diz que isso é um “resultado fenomenal”. “Em termos de evolução planetária, essa é uma determinação bastante exata. E isso é consistente o suficiente para distinguir as diferentes formulações da cronologia”.
A análise do time internacional, contudo, não acabou: chamando o estudo de “ponta do iceberg”, Joliff disse que a equipe está analisando novamente os regolitos (nome dado a uma camada solta de uma determinada superfície – neste caso, da Lua) para determinar outros fatores de interesse. Uma das respostas buscadas é a natureza de materiais arremessados na direção do pouso da sonda Chang’e-5 pelo impacto que gerou crateras maiores – como a Cratera de Aristarco, a noroeste da superfície lunar, tida como a mais brilhante formação do satélite.
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