Empreendedores bilionários deveriam se concentrar em achar soluções para salvar a Terra, em vez de se dedicar ao turismo espacial. Isso é o que pensa o Príncipe William, duque de Cambridge, segundo na linha de sucessão ao trono britânico.

Em entrevista ao programa Newcast, da BBC, ele declarou que “grandes mentes e cérebros deveriam estar tentando consertar este planeta, e não tentando encontrar o próximo lugar para viver”.

Príncipe William, em entrevista à BBC. Imagem: BBC

A entrevista foi concedida às vésperas da primeira cerimônia de premiação do Earthshot Prize — programa lançado por William para recompensar aqueles que tentam salvar o planeta. O nome do prêmio é uma referência ao termo “moonshot”, usado pelos EUA para designar seu ambicioso projeto de levar a primeira pessoa à Lua na década de 1960.

Na quarta-feira (13), mesmo dia em que o monarca deu a entrevista, o ator William Shatner, que interpretou o capitão Kirk da série Star Trek, se tornou a pessoa mais velha a viajar ao espaço, aos 90 anos. Esse foi o segundo voo espacial tripulado da Blue Origin.

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Também já promoveram voos “turísticos” a SpaceX, com a missão Inspiration4, e a Virgin Galactic, que realizou o primeiro voo no segmento, em julho deste ano.

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É importante salientar que William está certo em suas preocupações, mas também deve estar, no mínimo, desinformado. Afinal, uma coisa não necessariamente anula a outra. O Inspiration4, por exemplo, foi um voo totalmente filantrópico, com 100% dos recursos destinados à pesquisa do câncer ósseo infantil do St. Jude’s Hospital, instituição pediátrica oncológica nos EUA.

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Jeff Bezos, fundador e CEO da Blur Origin, financia diversas campanhas de combate às mudanças climáticas por meio do Bezos Earth Fund . Imagem: Christos S/Shutterstock

Elon Musk, dono da SpaceX, contribuiu com a ação doando US$50 milhões. No passado, Musk também colaborou com uma campanha organizada pelo youtuber Jimmy “MrBeast” Donaldson, para plantio de árvores. Ele também já doou US$ 100 milhões para a X Prize Foundation, que atualmente está focada em tecnologia de remoção de carbono da atmosfera. 

Jeff Bezos, por sua vez, já realizou doações em prol do meio ambiente em mais de uma oportunidade, como em 2020, em que US$800 milhões foram distribuídos para 16 organizações que atuam no combate às mudanças climáticas, e, mais recentemente, outros US$204 milhões. Essas doações são por meio da organização Bezos Earth Fund, que visa destinar fundos às questões ambientais.

É de Bezos, inclusive, a marca de um dos maiores comprometimentos filantrópicos já feitos por uma única pessoa, no que diz respeito ao desafio ambiental, quando investiu nada menos que US$10 bilhões. “Esta iniciativa global financiará cientistas, ativistas, ONGs – qualquer esforço que ofereça uma possibilidade real de ajudar a preservar e proteger o mundo natural”, afirmou Bezos em uma publicação no Instagram na época.

Richard Branson, por sua vez, passou dez anos, de 2006 a 2016, colaborando financeiramente com uma iniciativa do governo americano de combate ao aquecimento global. De acordo com uma reportagem do G1, o empresário doou um total de US$3 bilhões ao longo do período.

“Estamos felizes hoje de assumir o compromisso de investir 100% de todos os lucros futuros do Grupo Virgin no setor de transporte, tanto os de trem como os aéreos, para combater o aquecimento global”, disse Branson na época.

“Esperamos que essa contribuição ajude de uma pequena forma nossas crianças a vivenciar nosso lindo mundo e encorajar outros a fazer o que puderem”, complementou, enfatizando a necessidade mundial de eliminar a dependência dos combustíveis fósseis.

Uma preocupação de gerações da família real britância

Pai de três filhos, o príncipe desafiou os demais adultos a “se conectarem com sua criança interior para lembrar o quanto significava estar ao ar livre e o que estamos roubando dessas futuras gerações”.

William também disse que seu pai, o príncipe Charles, enfrentou dificuldades ao alertar sobre a mudança climática: “Tem sido um caminho árduo para ele”.

Ele lembrou que Charles, inspirado pelo pai, o falecido príncipe Philip, duque de Edimburgo, “falou sobre as mudanças climáticas muito antes, logo no início, antes que alguém pensasse que isso era um tema”.

E acrescentou que “seria um desastre absoluto se [o príncipe] George estiver sentado aqui falando sobre salvar o planeta” daqui a 30 anos.

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