As criptomoedas, NFTs, mineração e a volatilidade das moedas digitais são temas recorrentes no Olhar Digital. Contudo, o que será que os criptoativos podem oferecer no futuro? Para responder essa pergunta, a conferência ‘Open Finance 2021’ reuniu três especialistas no assunto: Edisio Pereira Neto, CEO do Zro Bank, o primeiro banco digital multi moedas do Brasil; Helena Margarido, especialista em criptomoedas e blockchain e Reinaldo Rabelo de Morais Filho, CEO do Mercado Bitcoin, uma corretora brasileira que gerencia a compra e venda de criptomoedas através de uma plataforma online.

De início, foi discutido como o mercado de criptomoedas poderia se comunicar melhor com o público que pretende investir em ativos digitais. Um fator que foi quase unanimidade foi: muitas vezes os aspectos tecnológicos desse tipo de aplicação financeira acabam “assustando” mais que o investimento em si.

Reinaldo, CEO do Mercado Bitcoin, sugere que é preciso educar o público sobre o tema. Esse processo educacional tende a facilitar bastante a comunicação com quem ainda está de fora do “mundo cripto”.

Edisio, CEO do Zro Bank, reforça que esse trabalho educacional é essencial, já que, apesar da desconfiança e dos golpes associados às criptomoedas, existem diversas empresas sérias que trabalham com moedas digitais: “Aos poucos as pessoas vão conseguir separar as falsas promessas de quem trabalha de forma séria”, afirmou.

publicidade

O executivo finalizou destacando que o mercado cripto nada mais é do que “um novo começo” e uma “mudança de pensamento sobre operações financeiras”: “Espero que o Brasil abra as portas para essa inovação assim como a regulação das criptos”, disse. Desde que “o processo seja executado de forma justa”.

Criptomoedas
Apenas 3% da população mundial sabe o que é um bitcoin.  Imagem: Wit Olszewski/Shutterstock

Moedas DeFi

Em seguida, Helena Margarido, especialista em criptomoedas e blockchain, falou sobre as moedas DeFi (sigla para Decentralized Finances, ou finanças descentralizadas) — esse sistema descentralizado visa reformular o sistema financeiro, oferecendo, por exemplo, emissão de moedas estáveis, empréstimos, dentre outros, sem a necessidade de um agente centralizador.

Apesar de, segundo os especialistas, estar longe de ser uma aplicação popular devido à dificuldade de uso, o DeFi já chama a atenção no mercado por conta do volume de operações.

Reinaldo destaca que é preciso saber usar wallet (carteira digital), acompanhar contratos e conhecer diversos elementos do mundo das finanças para ingressar nas moedas DeFi, contudo, o executivo destaca que há a possibilidade do Banco Central do Brasil se conectar com esse tipo de aplicação com a sua CBDC (Real Digital).

Problemas na adoção do bitcoin

Questionado sobre os possíveis desgastes que podem ocorrer ao adotar o bitcoin como única moeda oficial, Edisio apontou que uma possibilidade é o estado perder o seu “poder de gestão monetário”, ou seja, substituir uma moeda tradicional por uma totalmente virtual impede que um país imprima dinheiro.

Contudo, ao mesmo tempo, “essa limitação também força o estado a ser mais responsável com as contas públicas”, complementou o executivo.

Um cenário mais realista, segundo ele, seria pensar em adotar uma stablecoin no lugar do bitcoin — como o próprio nome diz, uma stablecoin é um criptoativo de baixa volatilidade. Seu preço não varia muito, diferente do que acontece com o bitcoin, por exemplo.

O CEO do Mercado Bitcoin reforça que enxerga o bitcoin hoje como reserva financeira. A adoção de criptomoedas em países como El Salvador, seria mais apropriada, segundo Reinaldo, caso fosse baseada em uma stablecoin. 

Por fim, a especialista em ativos digitais concorda que o bitcoin é uma espécie de ouro virtual, ou seja, hoje funciona melhor como reserva do que como uma modalidade tradicional de pagamentos.

Segurança em empresas que movimentam criptomoedas

Segurança e criptomoedas
É mais fácil saber o dinheiro que uma empresa movimenta em ativos digitais do que rastrear uma moeda convencional, diz CEO do Mercado Bitcoin. Imagem: Jirsak/Shutterstock

Sobre as garantias que uma empresa deve adotar para assegurar que não vão sumir com as carteiras digitais de clientes ou que algum hacker vai roubá-las, por exemplo, Reinaldo, do Mercado Bitcoin, diz que é importante optar por trabalhar com corretoras que operam no Brasil para se resguardar.

“Nesse caso, o cliente pode recorrer à justiça em caso de problemas além de evitar surpresas tributárias de um prestador de serviços”, afirmou.

Sobre os processos de auditoria, o CEO do Mercado Bitcoin diz que atualmente é mais fácil saber o dinheiro que a sua empresa movimenta em ativos digitais do que rastrear uma moeda convencional. Esse conforto e segurança, são vantagens que já foram notadas, inclusive, pelo BC.

Brasil pretende adotar plataformas que permitam aceitar criptomoedas no varejo?

A possibilidade dos ativos digitais chegarem ao varejo existe. Os especialistas apontam que algumas empresas já estão pensando em soluções para implementar essa mudança no futuro em suas lojas.

Edisio, do Zro Bank, declarou que a sua empresa já oferece, por exemplo, máquinas de cartão que aceitam bitcoins. “As transações são convertidas em Real no mesmo dia e voltam ao caixa de um estabelecimento comercial”, diz.

Se ocorrer, esse processo de popularização deve acontecer primeiro no e-commerce, apontam os especialistas.

Leia mais:

Conclusão

Por fim, à medida que a população sabe o que são ativos digitais, a tendência é que mais pessoas apostem nesse mercado. Edisio apontou um dado importante: atualmente apenas 3% da população mundial sabe o que é bitcoin. 

“Estudar e pesquisar muito é essencial antes de gastar o dinheiro em cripto”, reforça também o CEO do Mercado Bitcoin.

A regra geral dos especialistas é: ter atenção ao optar por investir o dinheiro em empresas desconhecidas e acompanhar a regulamentação das criptomoedas, fato que já está em curso em outros países.

Helena finalizou a mesa redonda reforçando que bitcoin “não se gasta” quem tem guarda e quem ainda não tem compra. A especialista sugere que pesquisar muito sobre criptomoedas é fundamental. Fazer essa lição de casa e ficar longe de quem promete retorno acima da média, segundo a especialista, já são pontos importantes para quem pretende ingressar no “mundo cripto”.

Créditos da imagem principal: eamesBot/Shutterstock

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!