Uma investigação do Yahoo News revela que a CIA tinha planos de captura e assassinato contra Julian Assange, o fundador da rede de informações WikiLeaks, em seu quinto ano de exílio em Londres. O informante, que está isolado na embaixada do Equador, seria alvo de uma vingança letal após os vazamentos de 2012, que revelaram documentos altamente secretos do governo dos Estados Unidos.

Segundo a investigação, oficiais dentro da CIA e do próprio gabinete do governo Trump discutiam planos de assassinar Assange, chegando a solicitar “rascunhos” e “possibilidades” de matá-lo. Parte dos planos da agência de inteligência envolviam a disseminação de discórdia entre os integrantes do Wikileaks, além de espionagem ostensiva e até roubo de aparelhos eletrônicos.

De acordo com um ex-agente da inteligência norte-americana, as discussões sobre captura ou assassinato aconteciam “nas cúpulas mais altas” da gestão. “Parecia não haver limites”, conta um dos agentes ao Yahoo News.

A campanha contra Assange era liderada por Mike Pompeo, o diretor da CIA indicado pelo gabinete de Donald Trump. A medida era uma retaliação contra os vazamentos do conjunto interno de ferramentas de espionagem conhecido como “Vault 7”, que eram usadas na sociedade civil.

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“Eles estavam completamente constrangidos por conta dos acontecimentos do Vault 7”, comenta um ex-agente da CIA no período Trump. “Eles estavam com sangue nos olhos.”

CIA estava pronta para tiroteio contra russos na extração de Assange

Em um dos planos de assassinato de Julian Assange, a CIA se preparava para a possibilidade de uma emboscada à céu aberto nas ruas de Londres. O ato estava planejado quando a embaixada do Equador começou a preparar solicitações de imunidade diplomática ao informante, o que coincidiu com a descoberta de agentes da inteligência russa em extraí-lo do Reino Unido.

Segundo três dos trinta ex-agentes os planos envolviam também uma colisão contra o veículo de extração, seguida do sequestro de Assange, ou ainda disparos contra os pneus. Um dos entrevistados pelo Yahoo News informou também que o governo dos Estados Unidos chegou a conseguir autorização do Reino Unido para abrir fogo.

“Nós tinhamos todos os motivos para acreditar que ele estava contemplando a possibilidade de fugir de lá”, alega um ex-oficial administrativo, acrescentando que um dos planos envolvia até a extração via um carro de limpeza. “Seria como um filme de fuga de cadeia.”

O resultado da intriga fez com que diversos agentes — russos, ingleses e norte-americanos — ocupassem as ruas de Londres, a um ponto em que, segundo o ex-oficial, haviam mais membros de inteligência do que civis nos arredores. Os planos não avançaram por conta do escândalo internacional que estava se armando.

CIA emitiu ordens de prisão aos ex-agentes

Mike Pompeo e Donald Trump não emitiram comentários a respeito dos planos de assassinato da CIA contra Julian Assange. No entanto, o ex-líder da agência de inteligência chegou a classificar a WikiLeaks como “um serviço de inteligência não-estatal hostil”.

Em entrevista à CBS News, um dos repórteres do Yahoo News, Michael Isikoff, informou que os ex-agentes participantes da reportagem estão recebendo pressões de Pompeo, que clama por ordens de prisão contra eles:

“Pompeo essencialmente confirmou a investigação, pois você só pode ser julgado por revelar informações confidenciais reais e legítimas se elas forem reais.”

Imagem: Espen Moe/Wikimedia Commons/CC

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