Usar pouco ou nenhum código de programação é uma importante estratégia contra o burnout

Por Paula Villani*

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Há alguns meses, tem acontecido um fenômeno intrigante nos Estados Unidos. É o que estão chamando de “Great Resignation”, que, em tradução livre, significa a “Grande Demissão”. Muitos americanos, impactados pelas mais variadas consequências da pandemia, optaram por deixar seus postos de trabalho. Em agosto, o número chegou a 4.3 milhões segundo o Ministério do Trabalho norte-americano, o que representa 2.9% da força ativa do país.

Especialistas estão buscando entender o motivo para esse movimento em massa, e alguns indicadores apontam para o excesso de trabalho – principalmente nos últimos 20 meses. É por isso que eu gostaria de abordar aqui uma reflexão sobre as soluções disponíveis hoje no mercado que podem aliviar a carga e o estresse no dia a dia de um profissional, principalmente daqueles que atuam nas áreas de TI, administração e suporte ao cliente dentro de uma pequena e média empresa.

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É o low-code (pouco código) e o no-code (sem código). Um conceito nada novo, porque é falado há cerca de 20 anos, mas que só agora o mundo tem a maturidade tecnológica para aplicá-lo. Trata-se do pouco ou zero uso de códigos de programação no desenvolvimento de produtos e serviços. Ele é extremamente benéfico para as empresas, especialmente para as pequenas, por gerar economia financeira, de recursos humanos e tempo, ao mesmo tempo em que impulsiona a digitalização delas. A consultoria Forrester estima que é possível desenvolver aplicativos de forma 10 vezes mais rápido nessas plataformas do que nas tradicionais.

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Este é o tema do momento entre os empreendedores da nova economia e, assim como muitas outras tecnologias, foi acelerado pela Covid. Para o Gartner, é um caminho sem volta. Segundo a consultoria, 80% dos produtos e serviços de TI construídos até 2024 serão nesses moldes e, até o final deste ano, deve movimentar 14 bilhões de dólares (23% a mais que em 2020). E a Forrester aponta que esse mercado pode chegar a mais de 21 bilhões de dólares em 2022.

Além dos benefícios da agilidade, as plataformas de desenvolvimento low-code e no-code resolvem também um problema de caráter social, que é a falta de profissionais de tecnologia no mercado. O low-code, por exemplo, pode ser uma porta de entrada para pessoas que têm interesse no mundo da codificação, mas não tiveram condição financeira ou tempo de se dedicar aos estudos. Então é uma forma do próprio mercado resolver essa carência de desenvolvedores profissionais com “desenvolvedores cidadãos” – nome dado aos que programam nessas plataformas de baixa complexidade.

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E o que tudo isso tem a ver com a Great Resignation, excesso de trabalho e burnout? A relação está justamente em usar essas soluções para tornar a rotina de trabalho mais automatizada. Com as tarefas mais repetitivas e desmotivantes suportadas por tecnologia, liberando tempo para atividades mais desafiadoras, estratégicas e, assim, gerar uma maior satisfação no trabalho.

É claro que apenas essas ferramentas não irão resolver o problema do êxodo laboral (que tem raízes profundas), mas são parte de um conjunto de soluções para melhorar o índice de felicidade no ambiente corporativo.

Na área de atendimento ao cliente, que costuma ter altas taxas de rotatividade do time de suporte, o uso de low-code e no-code pode auxiliar com a automatização de tarefas, eliminando boa parte do trabalho repetitivo. Além disso, permite a criação de regras próprias e personalizações que endereçam os desafios atuais do negócio, dando liberdade para a configuração sem a necessidade de um programador e, assim, entregar melhores experiências de atendimento.

Segundo o Relatório de Maturidade em CX 2021, feito pela Zendesk em parceria com a Enterprise Strategy Group, as organizações que investem em low e no-code, Inteligência Artificial, treinamentos, entre outras ferramentas de empoderamento de seus funcionários acabam tendo mais sucesso em retê-los. O estudo, que distingue as empresas líderes em Experiência do Cliente (CX) das que estão em estágio inicial, aponta que as SMBs mais maduras são 3,9 vezes mais propensas a ter uma excelente retenção de agentes de atendimento.

E se a experiência do funcionário é melhor, a experiência que proporcionará ao cliente certamente será melhor, o que gerará melhores resultados de negócio. É um ciclo virtuoso que beneficia a todos.

*Paula Villani é gerente sênior de Vendas PME da Zendesk para a América Latina

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