Astrônomos identificaram o que pode ser um remanescente de uma estrela – ou “Fóssil Estelar” – a uma distância de 290 mil anos-luz da Terra. De acordo com as primeiras análises do objeto, a sua baixa concentração de metal indica que ela pode ser uma das (ou derivar de uma das) primeiras estrelas do universo. No paper, ela foi batizada de “AS0039”.

Leia também

Apesar de todas elas terem mais ou menos a mesma configuração, estrelas são objetos bastante variados no espaço. Especialistas em seu estudo as classificam em “População 1”, “População 2” e “População 3”. A primeira categoria refere-se à maioria das estrelas observáveis, como o nosso Sol, com alta concentração de metal em seu núcleo.

A segunda classificação, onde entra a AS0039, é o tipo de estrela com baixa concentração metálica. Essas são extremamente raras, e poucas desse tipo foram observadas até agora. Finalmente, as estrelas de População 3 são hipotéticas: nunca foram vistas, teriam praticamente nenhum metal e zero elementos químicos pesados.

publicidade
Ilutração mostra o que pode ser uma hypernova, explosão estelar muito poderosa que pode gerar um fóssil estelar
Ilustração demonstra o que pode ser uma hypernova: tipo de explosão estelar é até 100 vezes maior que uma supernova comum e pode ocorrer em estrelas extremamente antigas (Imagem: Ahmed92pk/Shutterstock)

“A AS0039 tem uma composição química tão distinta que nos permite observar a natureza das primeiras estrelas e, mais além, suas massas estelares”, disse Mike Irwin, astrônomo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido e co-autor do estudo, ao LiveScience.

No caso da AS0039, o que provavelmente estamos vendo é uma espécie de “descendente”. Em outras palavras, esse fóssil estelar provavelmente deriva de uma estrela muito antiga que morreu em uma hipernova – uma explosão estelar entre 10 a 100 vezes maior que uma supernova.

Normalmente, estrelas novas nascem das nuvens de gás deixadas por estrelas anteriores. O processo é relativamente simples: durante sua vida, uma estrela vai usando todo o seu combustível (hidrogênio) até o fim, começando a fundir hélio e gerar carbono, e depois, usa o carbono para gerar ferro – o elemento mais pesado que uma estrela pode ter. 

Eventualmente, essas estrelas ficarão densas demais e entrarão em colapso dentro de sua estrutura, liberando quantidades imensas de energia – isso é uma supernova -, e nuvens de gás e poeira que contém elementos para a criação de novas estrelas.

No caso da População 3, porém, estamos falando das estrelas que vieram logo após o Big Bang, ou seja, elas não nasceram de nenhuma supernova nem tampouco têm qualquer elemento químico pesado em sua composição.

Isso nos traz de volta à AS0039: esse fóssil estelar, segundo Irwin e sua equipe, traz a menor concentração de metais de qualquer estrela observada fora da nossa galáxia. Mesmo para estrelas da População 2, ela ainda está abaixo da média. Mais além, dentro dela há quantidades incomuns de magnésio, cálcio e outros elementos pesados. Isso sugere que a AS0039 seja um remanescente de uma estrela da População 2 que, por sua vez, nasceu da explosão de uma estrela da População 3.

“A AS0039 mostra que é possível aprendermos sobre as propriedades das estrelas de População 3, nos sinalizando o caminho para encontrarmos outros exemplares”, disse Irwin. “Isso é vital para nos ajudar a entender como o universo evoluiu para o que nós observamos hoje”.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!