Existe um ditado popular em algumas partes do Brasil que diz que “filho feio não tem pai”. Porém, o contrário também pode ser levado como verdade. Um exemplo de “filho bonito” é a nossa querida internet, que tem diversos “pais e mães”, entre eles está a Arpanet.

Lançada oficialmente em 29 de outubro de 1969, durante o período da Guerra Fria, a Arpanet está prestes a completar 52 anos. Como uma forma de comemoração e, em certa medida, agradecimento, o Olhar Digital preparou uma lista com 5 curiosidades sobre a mãe da internet como conhecemos.

1. O primeiro comando enviado pela rede não chegou completo

O primeiro comando enviado pela rede, que foi desenvolvida pela Agência de de Pesquisas e Projetos Avançados (Arpa), órgão ligado ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, não chegou como o esperado.

O objetivo era que um estudante da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) enviasse a palavra Login para um outro computador, que estava no Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI). A distância era de 560 km, porém acabou que deu errado.

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Após as duas primeiras letras chegarem, o sistema de Stanford simplesmente travou. Isso significa que a Arpanet, que foi o embrião para uma das tecnologias que mudou o mundo, nasceu com um tropeço. Mas depois, deu tudo certo.

2. A Arpanet não foi projetada para controlar sistemas nucleares de defesa

Muita gente acredita que a Arpanet foi criada com o objetivo de controlar sistemas nucleares de defesa à distância. Isso acontece porque a tecnologia foi desenvolvida no contexto da Guerra Fria e por uma organização militar ligada ao Departamento de Defesa.

Porém, o desenho da rede foi projetado sem um servidor central para que não tivesse seu funcionamento interrompido, mesmo que parte dela fosse atacada e destruída. O objetivo foi de que os centros de pesquisa da Arpa pudessem trocar informações e compartilhar recursos.

3. Dinheiro que bancou a Arpanet foi tirado de mísseis balísticos

O orçamento inicial para o projeto da Arpanet foi de US$ 1 milhão. Hoje, esse valor corresponde a cerca de US$ 7,3 milhões (R$ 40 milhões). É um valor que pode ser considerado baixo em comparação com os investimentos em tecnologia militar feitos nos dias atuais.

Esse dinheiro, porém, foi retirado de um outro projeto da Arpa, um programa de mísseis balísticos relativamente discreto. Provavelmente, este projeto, de orçamento modesto, ficaria escondido no meio de outros diversos do tipo que eram desenvolvidos em paralelo.

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Porém, ao receber a ideia de uma rede de comunicação não centralizada, o então diretor da Arpa, Charles Herzfeld, resolveu investir no projeto apresentado por Bob Taylor, então diretor do Escritório de Técnicas de Processamento de Informação (IPTO), também ligado ao Departamento de Defesa.

Portanto, se a verba não tivesse sido remanejada de um programa de mísseis sem nome para o que veio a ser a Arpanet, é possível que não existisse uma rede mundial de computadores hoje em dia. Ou, na melhor das hipóteses, seu desenvolvimento teria sido bem diferente.

4. Segundo país a receber a Arpanet foi a Noruega

Mapa da Arpanet em 1977. Crédito: Acervo/Olhar Digital

Assim que surgiu, em 1969, a Arpanet possuía apenas quatro locais ligados a ela, conhecidos como “nós”: UCLA, SRI, Universidade da Califórnia em Santa Barbara (UCSB) e a Escola de Computação da Universidade de Utah. Contudo, o projeto evoluiu bastante e cresceu rapidamente.

Cerca de seis meses depois, já eram nove nós. No ano seguinte, o número chegou a 18 nós na rede. Em 1973, a rede tinha nada menos do que 40 nós, mas todos eles em instituições nos Estados Unidos. Porém, isso mudou quando uma instituição da Noruega foi adicionada à rede.

Depois da parte norueguesa, a Arpanet ganhou um nó em Londres, no Reino Unido. Com isso, o sistema se tornou uma rede internacional, um passo importante a caminho do nascimento de uma rede mundial de computadores.

5. Protocolos criados na época da Arpanet ainda são usados

O passo seguinte na direção de uma rede mundial de computadores consistia em conectar a Arpanet com outras redes existentes, como a rede da Fundação Nacional de Ciência (NSFNet), a rede de Ciências da Nasa e outras redes menores que interligavam centros de ensino dos EUA.

Porém, para isso, seria necessário que todas essas redes falassem “a mesma língua”. Para resolver o problema, foi criado o Programa de Controle de Transmissão (TCP). Mais tarde, este conjunto de protocolos foi unido ao Protocolo de Internet (IP), dando origem ao modelo TCP/IP.

Até hoje, esse conjunto de protocolos é a base para basicamente todas as conexões de internet. Claro que foram feitas inúmeras melhorias para chegarmos à rede que temos hoje, porém, a base é , em tese, a mesma.

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