Nós estamos indo bem na concepção e planejamento de novas ideias, mas financiar e executar todas elas é algo onde temos que melhorar muito, segundo um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as políticas de mudanças ambientais de combate ao aquecimento global.

O documento, divulgado durante a realização do evento COP26, em Glasgow, Escócia, afirma que, neste momento, estamos perdendo uma oportunidade bastante favorável, que é a recuperação global de esforços econômicos durante a pandemia da Covid-19. Segundo a entidade, eles deveriam priorizar iniciativas “verdes” que ajudem os países a se adaptarem a impactos como secas, incêndios florestais e tempestades tropicais.

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Imagem mostra chaminés de fábrica expelindo fumaça. ONU diz que, no que tange às políticas ambientais, estamos planejando bem, porém, na hora de executar e financiar tudo, estamos bem atrás
O aquecimento global desenfreado é majoritariamente uma responsabilidade humana, que buscou a industrialização e passou a emitir gases poluentes que agora ameaçam a continuidade da vida como a conhecemos (Imagem: Tatiana Grozetskaya/Shutterstock)

“À medida em que o mundo amplia seus esforços para cortar as emissões de gases do efeito estufa – esforços estes que ainda não estão nem perto de onde deveriam estar -, ele também deveria ampliar de forma dramática a sua capacidade de se adaptar ao aquecimento global”, disse Inger Andersen, Diretora Executiva do Programa Ambiental da ONU.

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“Ainda que desligássemos a proverbial ‘válvula’ de gases do efeito estufa, hoje, os impactos das mudanças climáticas ainda nos acompanhariam por várias décadas no futuro”, ela comentou. Nós precisamos de uma mudança crítica na ambição de nos adaptarmos, por meio de financiamentos e implementações, que fundamentalmente reduzam os danos e perdas advindos do aquecimento global. E nós precisamos disso para já”.

De acordo com o Doutor Alistair Hunt, do Departamento de Economia da Universidade de Bath, na Inglaterra, o relatório ressalta como o compromisso assinado por vários países no que tange a redução de emissões nocivas não vem sendo mantido, se considerarmos o aspecto financeiro.

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Em outras palavras, quem prometeu ajudar, agora está fugindo da conta.

“A minha pesquisa usou dados relacionados ao financiamento de projetos bilaterais vindos dos principais países doadores, a fim de mostrar para onde o dinheiro vem sendo direcionado”, disse Hunt, que assina a autoria do capítulo 5 do relatório. “Há evidências de recursos financeiros indo para a produção de água e agricultura, refletindo as necessidades mais urgentes de países em desenvolvimento, mas a quantidade dos valores ainda não é suficiente para sanar essas demandas”.

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Segundo a própria ONU, a prerrogativa do Acordo Climático de Paris rege que a humanidade reduza a temperatura média da Terra para algo entre 1,5 ºC e 2 ºC, abaixo dos níveis da Revolução Industrial. Avaliações estatísticas, porém, indicam que, até o final deste século, nossa temperatura deve chegar a 2,7 ºC no atual ritmo.

Para evitarmos isso, será necessário, com o perdão da expressão popular: “tirar o escorpião do bolso”: estimativas posicionadas pelo relatório falam em um custo anual de US$ 140 bilhões a US$ 300 bilhões (R$ 776,23 bilhões a R$ 1,66 trilhão) até 2030. Esse valor, no caso de países em desenvolvimento, deve aumentar para US$ 280 bilhões (R$ 1,55 trilhão) a US$ 500 bilhões (R$ 2,77 bilhões) também ao ano, até 2050.

O problema: o relatório indica que o valor geral – ou seja, a média disponibilizada por todos os países desenvolvidos em auxílio aos menos desenvolvidos – está, hoje, em US$ 79,6 bilhões (R$ 441,34 bilhões). Dentro desses números, o custo de auxílio a países em desenvolvimento é de cinco a 10 vezes maior do que o dinheiro disponibilizado.

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