No último sábado, a Ford realizou o evento Ford On The Road. Era uma ação publicitária para marcar sua nove fase no Brasil: a de importadora, não produtora de carros. Nesse evento, foi montado uma espécie de playground para os participantes dirigirem três veículos da marca em percursos especiais e com supervisão. Eram eles o SUV Bronco, a picape Ranger, e o muscle car Mustang Mach 1. Como jornalista, eu estava entre os convidados.

O passeio começou pelo SUV e a caminhonete. Sobre esses, dá para dizer que foi uma experiência suave, mesmo derrapando e derrubando os cones no circuito de desafio. Os veículos são feitos para o conforto mesmo numa situação rude, e isso é o que mais se percebe. Deles, talvez possamos falar em outra ocasião, num teste mais extensivo – esta matéria é sobre o Mustang.

Motoristinha em carrão

O Mach 1 foi o prato principal para quem participou do evento, reservado para depois dessas entradas. A missão era arrancar com ele numa pista realmente curta instalada no São Paulo Expo, onde acontecia o evento. O resultado de cada participante era registrado num placar.

É um veículo com um V8 de 5 litros, 483 cv de potência, que faz de 0 a 100 em 4,3 segundos – o que não chega a ser de outro planeta, mas não é um carro que eu tenha dirigido ao supermercado. Sua máxima, de 250 km/h, é limitada eletronicamente.

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Contra ele, estava um motorista bem mais ou menos. Por razões diversas, culminando na pandemia, eu estava pedestre há anos, totalmente enferrujado. Os três veículos foram os primeiros carros a passar por minhas mãos desde então.

E isso deu um gosto extra especial à coisa toda. Também foi a primeira vez na vida guiando algo como um Mustang Mach 1. Em carrão, eu era um completo newbie, e estava apreensivo da responsabilidade do que iam botar em minhas mãos ao me aproximar da pista.

Entrando no veículo, é o de se esperar num esportivo: baixo, com bancos confortáveis, mas que te põe numa posição de ataque, com as pernas quase na horizontal.

O motor, para minha frustração, está ligado. Barulho é talvez a parte mais central da experiência: é o rugido ancestral de um animal em vias de extinção. Dirigir um carro esportivo com ruidoso motor de combustão interna começa a ter algo de prazer culpado.

A segunda impressão é um alívio: é automático. Não que não tenha dirigido, como a maioria dos brasileiros, manual a vida inteira. Mas uma arrancada no manual é outro nível de responsabilidade. Num automático, é enfiar o pé e ver o que acontece.

Muito Mustang e pouca pista

Muito mansamente, ponho o pé no acelerador e avançamos para a largada. Vamos eu, o instrutor, e o assessor de imprensa da Ford, Bruno, que é quem filmou o vídeo abaixo.

A pista é curtíssima. Menos de meio quilômetro entre disparar e se estatelar, não fosse o freio. E o freio, como me informaram na apresentação, é adaptado de veículos de corrida e parte da razão para o teste.

Devagar, andamos até o sinal de largada. A posição é estrita, e eu passo do ponto e sou obrigado a dar ré para ajustar novamente, tomando um tempinho até descobrir onde é a ré no câmbio automático. O instrutor combina sinais manuais para dizer quando acelerar e quando parar e esperamos o sinal verde.

Ele vem. É hora de descer o pé no acelerador e é tudo o que eu faço: piso até o fim para ver o que acontece. E vejo. O carro empina um pouco, o motor berra, a aceleração é sentida nas costas, mas a suspensão mantém tudo surpreendentemente suave.

Em menos segundos que os necessários para ler esta frase, já havia chegado a 129 km/h e o instrutor deu o sinal de parar. O freio, imensamente responsivo, não precisou nem ser usado totalmente. Acabou impressionando mais que a aceleração, dando uma imensa sensação de controle.

Obviamente, é melhor vendo – e, mais ainda, ouvindo – do que lendo:

(O “Meu Deus” é do assessor da Ford, que ia no banco de trás. Comparou a experiência com andar de montanha russa.)

Um bom resultado

O receio que eu tive acabou ao entrar no carro. Não porque eu seja corajoso, mas por como o Mustang se dirige. A sensação imediata e até o fim foi de completo controle.

E tem um lado negativo nisso. Há uma certa qualidade de distanciamento tecnológico em carros modernos e de câmbio automático. Não soa como se você estivesse lutando com a máquina para controlá-la, com os músculos que a natureza o dotou. É mais como dar comandos a um computador, um videogame.

Como o ronco do motor, a batalha entre o motor e motorista via câmbio e direção deve ser uma coisa que gerações futuras não irão conhecer. (Não que merecessem realmente perdurar.)

Chegando de volta à cabine de imprensa, meu nome estava no placar, num não exatamente honroso 10º lugar.

Não importa. Em experiência, levei mais do que o encomendado. Para o grande domingueiro que aqui escreve, pisando tudo num Mustang Mach 1, a derrota foi um bom resultado.

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