Um asteroide “potencialmente perigoso” chamado “4660 Nereus” fará, no próximo sábado (11), a passagem mais próxima da Terra nos últimos 20 anos, de acordo com um comunicado divulgado pela NASA. Felizmente, apesar da proximidade, ele não apresenta qualquer risco de impacto, ou de atrapalhar eventuais happy hours, churrascos de família ou encontros com seu match no Tinder.

O Nereus tem 330 metros (m) de diâmetro e vai cruzar a nossa órbita a uma velocidade de 23,7 mil quilômetros por hora (km/h). Para fins de comparação, o Boeing 747-9 Intercontinental é, hoje, o avião comercial mais rápido do mundo, mas sua velocidade máxima de 1.061,92 km/h é só uma fração perto da atingida pelo Nereus.

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A passagem deve ser realizada a uma distância de 3,86 milhões de km de distância da Terra em seu ponto mais próximo – cerca de 10 vezes o que nos separa da Lua. Parece muito, mas considerando as escalas astronômicas, isso é bastante perto.

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A agência espacial americana Nasa usa as distâncias de passagem para classificar objetos que cruzam a nossa órbita: normalmente, corpos celestes que chegam a 193 milhões de km são marcados como “Near Earth Objects” (“NEOs”). Destes, aqueles que cruzam a marca de 7,5 milhões de km são classificados como “potencialmente perigosos”.

Ilustração do asteroide Nereus
O asteroide Nereus é de especial interesse para cientistas astronômicos, por ser um visitante frequente da órbita da Terra e por conter depósitos densos de diversos minerais (Imagem: Alexyz3d/Shutterstock)

Estes últimos são monitorados em tempo real, para que a Nasa consiga identificar potenciais desvios de órbita que os coloquem em uma trajetória de colisão com o nosso planeta. “A Nasa não tem conhecimento de nenhum asteroide ou cometa atualmente em rota de colisão com a Terra, então a probabilidade de qualquer choque de grande porte é bem pequena. Na verdade, até onde podemos afirmar, nenhum objeto de grande porte vai acertar a Terra em nenhum momento dentro de muitas centenas de anos”, diz um trecho de texto sobre observação de objetos na página oficial da agência.

Ainda bem, ou teríamos alguns probleminhas.

O Nereus, inclusive, é um velho conhecido nosso: originalmente descoberto em 1982, o asteroide tem uma órbita de 1,82 ano ao redor do Sol, o que significa que ele faz passagens regulares pela Terra – coisa de uma vez a cada 10 anos, em média. Ele inclusive já foi cogitado pela agência espacial japonesa (Jaxa) como potencial de coleta de amostras pela missão Hayabusa, mas a organização escolheu outro objeto (o asteroide 25143 Itokawa).

“Nereus” é o nome de uma divindade das águas na mitologia grega. Filho de Gaia e Pontus (ele próprio, também filho de Gaia), Nereus é conhecido como “o Velho do Mar” e foi pai de 51 crianças – as 50 filhas nereidas e o filho Nérites. Ele era conhecido por sua personalidade virtuosa, sua honestidade e sua sabedoria.

Se o asteroide chamado Nereus é tão bacana quanto a sua contraparte divina, é difícil dizer, mas a cada passagem, ele se aproxima mais e mais da Terra. Projeções da Nasa indicam que, em 2031, 2050 e 2060, o Nereus terá suas passagens mais próximas – inclusive, em fevereiro de 2060, estima-se que ele chegará mais perto do que nunca de nós, a 1,2 milhão de km ou, em termos práticos, três viagens para a Lua.

O Nereus é também um alvo de interesse das agências espaciais e empresas de todo o mundo, devido à sua composição mineral rica em níquel, ferro e cobalto, com depósitos que, no total, valem cerca de US$ 4,71 bilhões (R$ 26,79 bilhões).

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