Cientistas da Universidade de Quioto, no Japão, capturaram o que acreditam ser o flash de luz mais rápido já emitido por uma supernova. As informações analisadas renderam um paper publicado no Astrophysical Journal Letters, na edição de 8 de dezembro.

Uma supernova, como já estabelecemos, é a explosão massiva de uma estrela quando ela chega ao estágio final de sua vida. Dependendo da massa dessa estrela, o objeto que sobra da explosão pode ser um buraco negro ou uma estrela de nêutrons. Mas mesmo entre supernovas, há classificações específicas:

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Na Universidade de Quioto, cientistas identificaram o flash mais rápido de uma supernova, e podem usá-lo para obter mais detalhes da expansão do Universo
Na Universidade de Quioto, cientistas identificaram o flash mais rápido de uma supernova, e podem usá-lo para obter mais detalhes da expansão do Universo (Imagem: Universidade de Quioto/Divulgação)

Neste exemplo, estamos falando de uma supernova Tipo Ia. Basicamente, este nome refere-se a uma estrela anã branca explode como parte de um sistema estelar binário (ou seja, quando uma estrela companheira está orbitando em sua proximidade). E esse tipo de supernova é conhecido por produzir os flashes de luz mais intensos já registrados – cerca de cinco bilhões de vezes mais brilhantes que o Sol.

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Por causa disso, essas supernovas acabam servindo como pontos de sinalização do universo, nos ajudando em processos desde a medição de distâncias em larga escala, até a compreensão mais apurada da expansão do universo. Apesar disso, nós ainda não sabemos nada sobre seus sistemas progenitores ou mesmo o que inicia suas explosões.

Por causa disso, um time de astrônomos do Instituto Kavli de Matemática e Física, ligado à Universidade de Quioto, vinha monitorando o espaço em busca de observar uma supernova Tipo Ia em até 24 horas de sua explosão, usando câmeras de alta capacidade.

Neste objetivo, eles identificaram a supernova “Tomo-e202004aaelb”.

“Ela [a supernova] foi descoberta ainda em alto brilho em 21 de abril de 2020. Surpreendentemente, seu brilho mostrou muita variação dentro dos dois dias seguintes e depois passou a se comportar como qualquer outra supernova Tipo Ia”, disse Ji-an Jiang, líder do projeto.

“Nós descobrimos várias supernovas Tipo Ia de fase primária que mostram interessantes emissões em excesso nos primeiros dias de suas explosões, mas nunca vimos algo desse tipo, com essa velocidade e tão proeminente”, ele continuou. “Graças à alta cadência da tecnologia que utilizamos, nós pudemos capturar perfeitamente esse brilho pela primeira vez.

“À primeira vista, o espectro tirado logo após o primeiro flash se destacou como algo diferente de supernovas normais”, disse o pesquisador Miho Kawabata. “Nós percebemos que uma classe mais brilhante de supernova Tipo Ia poderia ter essa mesma aparência se observada logo nos primeiros estágios [da explosão]. Nossa classificação acabou sendo confirmada depois, quando a espectra da supernova evoluiu para se parecer cada vez mais com outras Tipo Ia previamente descobertas”.

Agora, falta determinar a origem das supernovas Tipo Ia, algo que o time de Jiang continuará buscando por meio de pesquisas transientes, usando vários telescópios ao redor do mundo. Segundo ele, as supernovas Tipo Ia são ótimas ajudantes para medir a expansão do universo, e capturá-las nessas fases tão primárias traz informações únicas que ajudarão nessas avaliações com maiores detalhes e densidade de informações.

O paper com as conclusões já está disponível para consulta.

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