Tomando emprestada a narrativa “gêmeo do bem, gêmeo do mal” dos livros e filmes, um estudo afirma que o nosso Sol já teve uma espécie de irmã gêmea. Mas não qualquer gêmea: maléfica como Paola Bracho em A Usurpadora, essa gêmea do mal pode ter sido responsável pela morte dos dinossauros.

Em 2017, dois pesquisadores da Universidade da Califórnia (Berkeley) analisaram dados de uma pesquisa de rádio conduzida em uma nuvem de poeira cósmica na constelação Perseu, há cerca de 240 anos-luz da Terra. A conclusão da época foi a de que toda estrela similar ao Sol – estrelas anãs brancas ou anãs amarelas – provavelmente nasceram com alguma companheira.

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Imagem mostra duas estrelas iluminando uma paisagem de mar, simbolizando um estudo que afirma que o Sol tem uma estrela irmã gêmea
“Rio 80 graus”? Estudo afirma que o Sol tem uma irmã gêmea que faz passagens periódicas pelo nosso sistema, causando perturbações imensas em asteroides e outros corpos (Imagem: mimo/Shutterstock)

“Rodamos uma série de modelos estatísticos para ver se conseguiríamos contabilizar populações relativas de estrelas singulares e sistemas binários de forma separada dentro da nuvem em Perseu, e o único modelo que reproduziu os dados obtidos foi aquele onde todas as estrelas visualizadas se formaram como binárias”, disse o astrônomo Steven Stahler, em junho de 2017.

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Trocando em miúdos: existe uma hipótese astronômica que rege que algumas estrelas nascem binárias, e vão se afastando de suas companheiras com o tempo. Alguns modelos computadorizados bem consistentes oferecem suporte a isso, mas, por razões óbvias, testes empíricos dentro dessa linha de pensamento são bem raros..

Aí entra o Sol e sua irmã gêmea, referida apenas como “Nemesis”, palavra que faz referência, entre outras coisas, à deusa da vingança e da retaliação divina na mitologia grega. Nemesis, contudo, teoricamente nos visita de tempos em tempos (ok, de muito tempo em muito tempo), e já foi apontada como a peça principal de ciclos de extinção em massa a cada 27 milhões de anos na Terra – incluindo os dinossauros.

Há 23 anos, um outro astrônomo de Berkeley – Richard Muller – propôs que uma estrela anã-vermelha (o menor, mais frio e mais comum tipo de estrela na Via Láctea) a uma distância de 1,5 ano-luz poderia realizar viagens periódicas pelos limites mais frios do nosso sistema solar, tumultuando os materiais pelo seu caminho graças ao seu poder gravitacional – inclusive jogando alguns asteroides sistema adentro, para a nossa direção (como a rocha que trouxe o início do fim dos dinossauros).

Outras teorias afirmam que uma anã marrom de brilho reduzido poderia, com sua passagem, explicar algumas anomalias identificadas no limite do nosso sistema solar. O (talvez) planeta-anão Sedna, por exemplo, com sua órbita estranha, extremamente aberta, é uma dessas anomalias.

Em outras palavras: podemos provar? Não. Mas há exemplos que explicariam muita coisa se fossem interpretados como, nas palavras da saudosa Cássia Eller e sua famosa canção, “um segundo Sol” que chegasse “para realinhar as órbitas dos planetas”. “Estamos afirmando que sim, provavelmente a Nemesis existe ou existiu há muito tempo”, disse Stahler.

Neste caso, o que teria ocorrido é: o Sol que conhecemos teria ficado com a maior parte dos “nutrientes” – poeira cósmica e gás, formadores estelares; enquanto Nemesis seria a “irmã feia” desgarrada e com desejo de vingança.

Sim, parece a franquia de jogos Metal Gear Solid e seus irmãos gêmeos protagonistas, em uma interpretação bem tacanha.

A pesquisa foi publicada no jornal científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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