Hoje, o consenso científico já estabeleceu que os crocodilos modernos são praticamente iguais aos seus antepassados, que dividiam o planeta com os dinossauros. Biologicamente falando, as adaptações dos grandes répteis que conhecemos hoje foram poucas, então é seguro dizer que eles são praticamente os mesmos animais de milhões e milhões de anos atrás.

Também não há dúvida de que os dinossauros, contudo, eram quem “mandavam” por aqui, por serem maiores, mais velozes, mais fortes e adaptados à vida predatória. Entretanto, eles morreram no evento de extinção de massa do Cretáceo-Paleogeno, enquanto os crocodilos sobreviveram. Até hoje, ninguém entendeu muito bem o motivo disso.

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Imagem de um crocodilo de boca aberta, simbolizando o tempo em que crocodilos dividiam a Terra com dinossauros
Crocodilos e dinossauros já dividiram o terreno há milhões de anos, mas evento de extinção que matou os grandes animais acabou poupando os répteis, que permanecem vivos até hoje com quase nenhum alteração biológica (Imagem: Uwe Bergwitz/Shutterstock)

Estabelecendo um contexto, há cerca de 66 milhões de anos, a Terra foi atingida por um asteroide de aproximadamente 10 quilômetros (km) de diâmetro. O impacto gerou o que hoje chamamos de “Cratera de Chicxulub”, próximo à Península de Yucatán, no México.

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Os pesquisadores dizem que a disrupção climática causada pelo choque – que levantou tanta poeira e cinzas que bloquearam a luz e calor do Sol, dando entrada uma era de gelo, além de acarretar em ondas gigantescas, queimadas florestais e até mesmo chuvas venenosas – foi a principal razão para a morte de todos os dinossauros não aviários.

O efeito disso foi longo e óbvio: sem luz e calor do Sol, as plantas morreram. Sem plantas para comer, diversos animais herbívoros morreram. Sem os animais herbívoros por perto, diversos animais carnívoros morreram. Segundo alguns estudiosos, estimativas apontam para o fim de três quartos – ou 75% – da vida na Terra.

Dinossauros aviários – ou seja, que desenvolveram a habilidade de voar e evoluíram para as aves modernas – conseguiram, a muito custo, superar essa dificuldade por poderem voar até lugares difíceis para encontrar comida, e por terem penas e pêlos que lhes mantinham aquecidos no frio.

O outro grupo que sobreviveu ao evento foi o dos crocodilos. Assim como os dinossauros de terra, eles não voam e não têm penas/pêlos para se protegerem, mas outros truques na manga lhes permitiram assegurar a sobrevivência.

Para começar, crocodilos podem sobreviver muito tempo sem comer. Especialistas em animais reptilianos afirmam que é normal para um exemplar da espécie passar meses sem se alimentar, mas casos extremos mostram animais que passaram até três anos sem ingestão de alimento.

Aliado a isso está o fato de que crocodilos, assim como você aos domingos quando acorda de ressaca, passam boa parte do tempo deitados e parados. Isso faz com que eles consumam pouquíssima energia e, consequentemente, tenham mais reservas. Dinossauros, por outro lado, caçavam com frequência e, quanto mais atividade, mais energia despendida, o que fazia com que eles precisassem de mais comida em menos tempo.

Há também a questão geográfica: o asteroide bateu no pior lugar possível da Terra – um ponto onde rochas poderiam ser vaporizadas, gerando densas névoas, bloqueando o Sol e todo o processo que descrevemos mais acima. Entretanto, os crocodilos, naturais de regiões com lagos e rios, não passaram pela mesma fome – plantas e animais mortos eram ingeridos por criaturas aquáticas e estas, por crocodilos, logo, o suprimento de comida não lhes faltou tanto.

Uma razão similar explica a sobrevivência dos mamíferos primordiais – aqueles que, eventualmente, dariam origem a nós. Da mesma forma que os crocodilos e nada parecido com os dinossauros, esses mamíferos dependiam muito mais de plantas mortas e outros materiais inertes para sustento, ao invés da caça viva ou vegetação verde.

Hoje, o crocodilo de água salgada é reconhecido pela ciência como o maior réptil vivo da natureza, com os machos da espécie crescendo até uma média de seis metros (m) – embora alguns casos muito raros excedam esse número. Atualmente, esse animal é reconhecido como “superpredador” ou “predador alfa”, uma classificação usada para designar animais que não têm inimigos naturais (exceto os humanos) e residem no topo de suas respectivas cadeias alimentares.

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