Por Mônica Cerqueira*

A transformação digital nos negócios já é obrigatória em um mundo cada vez mais conectado. Isso porque novas tecnologias não existem por existir, mas têm o propósito de trazer inúmeros benefícios para empresas. Aquelas que ainda não se adaptaram estão em desvantagem. Por exemplo, a inteligência artificial (IA), presente em nossas vidas de diversas maneiras, tem cada vez mais relevância na gestão de dados no universo corporativo tributário.

Lidar com as particularidades do sistema tributário brasileiro é um grande desafio. As empresas são taxadas via tributos diferentes, cobrados pelo governo federal, estados e municípios. Mas existem diferentes leis, alíquotas, benefícios fiscais e obrigações acessórias para cada um desses impostos. São diversos documentos, registros e declarações utilizadas para o cálculo dos tributos e que precisam ser enviados ao Fisco dentro de prazos pré-estabelecidos, sob pena de multa. Como resultado, muitas empresas acabam operando de forma irregular, mesmo sem querer.

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Segundo o estudo Paying Taxes 2020, do Banco Mundial e da PwC, no Brasil são gastas, por ano, 1.501 horas para que uma empresa preencha os documentos necessários e pague os impostos devidos. E a situação já foi mais complicada: o tempo para o cumprimento de obrigações tributárias caiu 23% entre 2017 e 2018 no país.

Ainda assim, estamos entre as regiões com os piores índices, já que aqui as empresas precisam de mais tempo para cumprir as obrigações fiscais do que em qualquer outro lugar do mundo. Na Bolívia, por exemplo, que tem o segundo tempo mais longo, são 1.025 horas – a média global é de 234 horas.

Dessa maneira, a IA permite que dados detalhados e precisos gerem perguntas, respostas e análises mais aprofundadas que antes seriam difíceis, demoradas ou mesmo impossíveis de se realizar. A IA também pode realizar tarefas estruturadas, imitando as ações dos humanos, mas com maior velocidade e precisão. Esses recursos transformadores aplicam-se em todo o ciclo de vida fiscal das empresas, do planejamento aos relatórios de conformidade e cumprimento das obrigações junto ao governo.

Como resultado, a IA embarcada em um programa ou software age como um importante complemento na gestão fiscal. As empresas devem considerar formas inovadoras de coletar e processar dados, diminuindo ou excluindo totalmente a necessidade de lidar com essas informações manualmente. Assim, é possível realizar análises com visão de futuro para tomada de decisões em tempo real e considerável redução de custos.

Além disso, a IA nas empresas tem influenciado nos índices de produtividade, potencializando os processos e, ao mesmo tempo, transformando as relações de trabalho. Líderes, gestores e investidores cada vez mais entendem o poder da IA nas empresas, além da importância de traçar estratégias personalizadas que atuem em conjunto com essa tecnologia. E não podemos negar que este momento – a retomada pós-pandemia – é a hora certa para aproveitar as oportunidades que essa inovação tem a oferecer.

*Mônica Cerqueira é sócia e fundadora da Make the Way

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