Um novo estudo demonstrou como a variante alfa do vírus da Covid-19 conseguiu escapar do nosso sistema imunológico inato e se tornar a primeira variante de preocupação do Sars-CoV-2. As mutações permitiram que a cepa tivesse mais “proteínas de antagonismo”, que anulam a primeira linha de defesa do corpo.

Cada célula do nariz, garganta e pulmões possui uma rede de sensores que detecta a entrada de corpos estranhos no corpo. Quando isso acontece, as células produzem uma proteína chamada interferon, que é uma espécie de alarme para que o corpo ative uma resposta imunológica organizada e generalizada.

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Como o corpo responde ao vírus

Essa resposta mobiliza tanto as células não imunes quanto as células imunes, que são as células T e os anticorpos, para evitar que o corpo estranho cause uma infecção. Porém, as proteínas do antagonismo podem ajudar a variante alfa do vírus a escapar dos sensores que liberam o interferon.

Os estudos foram os primeiros a demonstrar o aumento da proteína do antagonismo em qualquer vírus, além de ter sido o primeiro a demonstrar mutações no vírus da Covid-19 que aumentam seu poder de infecção, mas sem nenhuma ligação com a proteína spike, que liga o vírus às células do corpo.

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Segundo os pesquisadores, as descobertas fornecem uma visão reveladora sobre como o vírus da Covid-19 e suas variantes de preocupação, como a alfa, a beta, a delta e a ômicron, evoluem e se tornam mais transmissíveis e infecciosas.

Por que a alfa é especial?

Consumidores fazem suas compras de Natal no centro de Birmingham, Inglaterra, durante a pandemia de Covid-19
Variante alfa rapidamente se tornou dominante no Reino Unido e em parte da Europa no início de 2021, até ser superada pela delta. Imagem: coeyfilms/Shutterstock

“Queríamos saber o que tornou a variante alfa do Sars-CoV-2 especial”, disse a pesquisadora da Universidade da Califórnia em Berkeley e co-autora do estudo, Lucy Thorne. Ela e sua equipe também queriam saber quais mecanismos o vírus utilizou para evoluir desde a cepa original, identificada no fim de 2019 em Wuhan.

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“Descobrimos que a variante alfa se adaptou para evitar o desencadeamento de nossa resposta imune inata de linha de frente de defesa muito melhor do que os vírus da primeira onda”, explica a cientista. Isso acontece por conta da produção de proteínas capazes de desativar o sistema imunológico inato.

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“Ao sofrer mutação para escapar de nosso sistema imunológico inato, a variante Alfa pode se replicar sob o radar nos estágios iniciais da infecção, o que acreditamos aumentar significativamente suas chances de infectar uma pessoa quando atinge seu nariz, garganta ou pulmões”, defendeu a pesquisadora.

Para um organismo como um vírus, essa é a chave para o sucesso, já que permite que ele se espalhe de pessoa para pessoa.

Via: Medical Xpress

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