Para quem conhece outros filmes de Bradley Cooper, vai entender o seguinte trocadilho: “O Beco do Pesadelo” é Cooper em “Nasce um Trambiqueiro” – uma alusão a “Nasce uma Estrela”, o qual o ator foi protagonista ao lado de Lady Gaga. O novo filme do artista é uma superprodução da Searchlight Pictures com direção do vencedor do Oscar Guillhermo del Toro (diretor responsável por “Helboy”, “A Forma da Água” e “A Colina Escarlate”).

“O Beco do Pesadelo” é superprodução sofisticada, mas com desenvolvimento raso |Crítica. Imagem:  Bradley Cooper in the film NIGHTMARE ALLEY. Courtesy of Searchlight Pictures. © 2021 20th Century Studios All Rights Reserved
“O Beco do Pesadelo” é superprodução sofisticada, mas com desenvolvimento raso |Crítica. Imagem: Bradley Cooper in the film NIGHTMARE ALLEY. Courtesy of Searchlight Pictures. © 2021 20th Century Studios All Rights Reserved

O longa, que chega aos cinemas dia 27 de janeiro, mas que o Olhar Digital já pôde conferir, se passa na década de 40 e conta sobre Stanton Carlisle (Bradley Cooper), um homem ambicioso que aprende truques de telepatia com um casal em um circo. Mais tarde, ele conhece Lilith Ritter (Cate Blanchett), uma psiquiatra bem perigosa, com a qual se une para aplicar golpes nos maiores magnatas de Nova York. 

Apesar do elenco de peso que, além de Cooper e Blanchett, conta com Toni Collette, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Rooney Mara, Ron Perlman, Mary Steenburgen, David Strathairn, dentre outros, “O Beco do Pesadelo” é o que chamo de uma boa história, com superprodução sofisticada, mas com desenvolvimento raso. Com ar sombrio e tons de azul e cinza, bem ‘à lá Del Toro’, o filme possui um bom enredo, mas não se aprofunda, o que combinaria com as cenas elegantes e o fundo musical “clássico”.

“O Beco do Pesadelo” é superprodução sofisticada, mas com desenvolvimento raso |Crítica. Imagem:  Bradley Cooper in the film NIGHTMARE ALLEY. Courtesy of Searchlight Pictures. © 2021 20th Century Studios All Rights Reserved
“O Beco do Pesadelo” é superprodução sofisticada, mas com desenvolvimento raso |Crítica. Imagem: cineasta Guilhermo del Toro/ Bradley Cooper in the film NIGHTMARE ALLEY. Courtesy of Searchlight Pictures. © 2021 20th Century Studios All Rights Reserved

A cada “take” fica mais claro e óbvio que se trata de uma produção com desfecho em moral da história – o que não é exatamente ruim e lembra muito os capítulos de “American Horror Story” –, mas para quem espera por um plot twist inimaginável pode se decepcionar. Possivelmente, para quem trabalha com parque de diversões ou circo a abordagem pode ser, inclusive, uma afronta – mas não uma mentira, para alguns – já que mostra praticamente a construção de um charlatão. É um manual de como enganar e se dar bem!

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Contudo, o filme vale seu tempo pela entrega e atuação do elenco, além da rica produção de detalhes em cada traje e cenário. Além disso, Del Toro mostra com essa versão do filme – uma adaptação de “O Beco das Almas Perdidas”, de 1947, e que focava em criaturas como monstros – que na verdade o verdadeiro monstro é o ser humano: é ele quem transforma outros em selvagens.

“O Beco do Pesadelo” é superprodução sofisticada, mas com desenvolvimento raso |Crítica. Imagem:  Bradley Cooper in the film NIGHTMARE ALLEY. Courtesy of Searchlight Pictures. © 2021 20th Century Studios All Rights Reserved
Bradley Cooper in the film NIGHTMARE ALLEY. Courtesy of Searchlight Pictures. © 2021 20th Century Studios All Rights Reserved

A produção também traz um pouco do clichê que grande parte do público gosta: romance, sedução, poder e morte, tudo junto – se tivesse que resumir “O Beco do Pesadelo” em quatro palavras, seriam essas.

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É um bom filme, em partes, e não deixa de ser um clássico diante de alguns apontamentos. O enredo tem teor psicológico e relata o que acontece quando se passa dos limites do que era para ser apenas um show. É o famoso “não mexa com o que você não conhece”, pois, ao cruzar os limites, poucos, ou ninguém, volta.

Tem crueldade e deslumbramento de sobra, mas tem consequências. “O Beco do Pesadelo” vive de como se aproveitar da dor e fé do outro – algo muito comum na vida real – ao passo que sua moral e poética história finaliza com uma esperada ironia do destino (para alguns aqui, provavelmente uma satisfação).

Para quem acredita em espiritualidade e na lei do retorno, é ainda mais óbvio o trajeto do filme. Para quem não acredita, talvez compreenda os desfechos apenas como cartadas erradas ou, como dizem alguns jogadores, ele apenas não soube a hora de parar.

“O Beco do Pesadelo” estreia dia 27 de janeiro nos cinemas de todo o país. Confira abaixo o trailer!

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