A Covid-19 pode gerar sequelas a longo prazo em alguns pacientes que desenvolvem sintomas mais graves e, em certos casos, que contem com uma predisposição.  É o caso de Dijane Silva, de 34 anos, moradora de Taquaranas, em Maceió, que passou um ano e meio internada em tratamento contra a doença após desenvolver uma rara doença: a síndrome de ordine.

A síndrome de ordine é um distúrbio neurológico grave, que pode fazer o paciente simplesmente parar de respirar enquanto dorme, podendo levar à morte. Em casa, a mulher agora precisa da ajuda de um respirador e do acompanhamento de uma equipe de saúde para voltar a dormir. Em entrevista ao UOL, Dijane relatou a mudança em sua rotina, já que precisou trocar o sítio onde morava por uma casa na cidade onde consegue assistência médica de forma mais fácil.

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“O que mais acho que a síndrome me atrapalha é que não posso sair, como fazia antes. Gostava de ir, aos fins de semana, para a casa da minha tia, que mora aqui na cidade. Agora não posso fazer isso porque tem os aparelhos e os cilindros de oxigênio. Posso até passar o dia, mas à noite tenho que estar em casa”, disse na entrevista.

Dijane foi covid-19 no dia 7 de agosto de 2020. Ela chegou a ter alta no dia 27 do mesmo mês, mas voltou a ser internada com dispensa e após isso passou a precisar de ajuda para respirar.

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Síndrome rara que pode fazer jovem para de respirar

O diagnóstico da síndrome também demorou para chegar. “Sei que sofri muito, não desejo o que passei para ninguém. Mas nunca perdi a fé, só agradecia todos os dias, sempre estava sorrindo, me arrumava, fazia as unhas. Agora, graças a Deus, a pior fase acabou. Tento não pensar no passado. Só quero saber daqui pra frente. O que queria mesmo era encontrar um tratamento pra isso”, completou.

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Os médicos só conseguiram chegar ao quadro após um neurologista observar a paciente. “Nosso cérebro tem uma parte que detecta quando o gás carbônico vai se acumulando e automaticamente desencadeia o movimento respiratório. No caso da síndrome, ela tem uma alteração nesses sensores que reconhecem esse aumento do gás carbônico. E aí ela para de respirar e morre se não usar respirador”, explicou o médico Fernando Gameleira, responsável pelo diagnóstico, ao UOL.

Normalmente, a pessoa já nasce com essa síndrome. Em alguns raros casos ela pode adquirir após, por exemplo, uma encefalite, um tumor cerebral, um AVC [acidente vascular cerebral]. A impressão que tenho é que ela desenvolveu uma encefalite crônica pela covid. O prognóstico dela ainda é incerto: ela pode precisar do respirador a vida inteira, mas não sabemos porque pode haver algum grau de reversão”, finalizou.

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