Para muitos, Vênus é um “irmão” da Terra. O planeta é similar ao nosso em tamanho, massa e composição, e especula-se que no passado, assim como Marte, tenha abrigado oceanos e condições para o surgimento da vida. Mas ao longo de bilhões de anos, algo “deu errado” e o planeta se transformou em um lugar infernal, com uma atmosfera 96 vezes mais densa do que a da Terra, nuvens de ácido sulfúrico e uma temperatura na superfície que passa dos 460 °C, suficiente para derreter chumbo.

Ainda assim, especula-se que a vida possa existir “voando” na densa atmosfera do planeta, em altitudes onde as condições ambientais são mais amigáveis, com temperatura e pressão similares às da Terra. A detecção de fosfina, um composto que aqui só é produzido por atividade orgânica, na atmosfera venusiana em setembro de 2020 reforçou essa hipótese.

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Primeiras (e únicas) imagens diretas da superfície de Vênus, feitas pela sonda Venera 13. Fonte: Roscosmos

Uma missão chamada Venus Life Finder (VLF) quer tirar a dúvida. Bancada pela Breakthrough Initiatives, uma ONG sem fins lucrativos fundada pelo bilionário Yuri Milner, ela pretende lançar um pequeno satélite (um CubeSat), pesando cerca de 23 Kg, equipado com um laser para fazer um voo de três minutos pela atmosfera venusiana.

O satélite será equipado com um instrumento chamado nefelômetro autofluorescente, capaz de detectar quando moléculas próximas “brilham” ao ser atingidas pelo laser. Muitas moléculas orgânicas exibem esse comportamento, portanto a detecção de qualquer fluorescência durante a jornada “seria uma notícia fascinante”, disse Sara Seager, professora do MIT e cientista do projeto, ao Phys.

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Os dados obtidos nesta primeira missão serão usados em uma segunda, em maior escala, com um balão que flutuará pela atmosfera venusiana por várias semanas e enviará sondas através dela para coletar a maior quantidade de amostras possível. 

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Dependendo das evidências encontradas nestas duas missões, uma terceira poderá ser enviada para coletar mais amostras da atmosfera e trazê-las à Terra para análise. A estimativa atual é que a primeira missão seja lançada em 2023, com a segunda partindo em 2026.

Além da VLF, Vênus receberá a atenção de três outras missões num futuro próximo. São elas a VERITAS (Nasa, 2028), com um satélite que irá mapear o planeta em alta resolução, DAVINCI+ (Nasa, entre 2029 e 2030), que pretende pousar uma sonda na superfície, e a EnVision (ESA, 2031), que irá estudar a geologia e atmosfera venusianas para entender porque o planeta tomou um caminho tão diferente da Terra em sua evolução.

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