Possivelmente você tem o aplicativo do Spotify no celular, afinal, é a plataforma mais utilizada para ouvir músicas e podcasts, certamente movimentando muito dinheiro e promovendo alcance mundial de tudo que lá é promovido. Porém, agora, o app está em foco por outra questão: artistas estão retirando suas músicas. Mas qual seria o motivo?

Primeiro foi Neil Young e depois, Joni Mitchell. Dois grandes artistas dos Estados Unidos tiraram seu catálogo de músicas do Spotify por conta de polêmicas envolvendo o podcast de Joe Rogan. O comediante comanda o “The Joe Rogan Experience” que conta com cerca de 11 milhões de ouvintes por episódio.

publicidade

Com tanta fama dentro do Spotify, o problema é que Joe Rogan propaga informações falsas sobre a vacinação contra a Covid-19, inclusive, ele já chegou a divulgar tratamentos – inclusive já comprovado a ineficácia – contra a doença como a ivermectina.

No final do ano passado, o âncora do ‘The Joe Rogan Experience’ publicou uma entrevista com o imunologista Robert Malone em que o médico compara a Alemanha nazista aos Estados Unidos atuais e diz que a população está “hipnotizada” pelas campanhas de vacinação contra a Covid-19.

publicidade
Neil Young em show de 2019
Neil Young durante show na Holanda, em 2019 (Ben Houdjik/Shutterstock)

Portanto, por conta da entrevista do ativista antivacina, um grupo de cientistas e profissionais da saúde publicou carta aberta no começo de janeiro pedindo para que o Spotify retirasse o conteúdo da plataforma. A carta informa que Rogan “difundiu repetidamente alegações enganosas e falsas no podcast, provocando desconfiança na ciência na medicina” e espalhou “uma série de teorias de conspiração infundadas”.

“Quero que vocês avisem o Spotify imediatamente HOJE que quero todas as minhas músicas fora da plataforma deles… Eles podem ter Rogan ou Young. Não os dois”, falou Neil Young em divulgada pelo ‘The Wall Street Journal’. Além disso, em seu site, o cantor disse que se sentiu bem quando optou por sair da plataforma.

publicidade

Neil Young exigiu que o Spotify tomasse uma decisão e escolhesse entre ele ou de Rogan. Então, entra a questão monetária que em 2020, a plataforma assinou um contrato milionário de exclusividade com o podcast que pode ter chegado a US$ 100 milhões (R$ 537 milhões), de acordo com o ‘The Wall Street Journal’.

“Eu apoio a liberdade de expressão. Nunca fui a favor da censura. As empresas privadas têm o direito de escolher com o que lucrar, assim como eu posso optar por não ter minha música suportando uma plataforma que divulga informações prejudiciais. Estou feliz e orgulhoso de ser solidário com os profissionais de saúde da linha de frente que arriscam suas vidas todos os dias para ajudar os outros”, comunicou Young.

publicidade

Outra perda do Spotify

No meio de toda a repercussão e muitas opniões no Twitter, o Spotify reagiu e rebateu as acusações de Neil Young, colocando o argumento que já excluíram mais de 20 mil episódios de podcast que espalhavam fake news sobre a Covid-19, só que pontuaram que não poderiam censurar ninguém.

Com o mesmo pensamento, Joni Mitchell também publicou comunicado em seu site e avisou que estaria retirando suas músicas do catálogo da plataforma em defesa da ciência. “Pessoas irresponsáveis estão espalhando mentiras que estão custando a vida das pessoas”, explicou a musicista, em nota no seu site oficial

As polêmicas não param por aí

Não fora só as inverdades sobre a vacina que causou desgosto nos artistas. Sobre a pandemia, Rogan incentivou jovens a não se vacinarem e nos últimos anos, o humorista teve falas transfóbicas, sendo que já chamou uma lutadora trans de “homem sem pênis”, ofendeu o clã Kardashian com xingamentos misóginos e ainda usou termos racistas.

O lucro do Spotify

Com a perda de algumas assinaturas e com a saída dos veteranos da plataforma, o Spotify ainda consegue gerar receita com a exclusividade do podcast de Joe Rogan, principalmente com os anúncios pagos que rendem mais dinheiro que músicas.

Joni Mitchell e Neil Young não representam grandes perdas de lucro para a empresa, mas nomes como Drake, Taylor Swift ou Ariana Grande já poderiam causar estrago se entrarem nessa, pois sempre aparecem entre os mais ouvidos em todo o mundo.

Para o analista como Ashley Carman, do The Verge, a intenção dos artistas é de fazer pressão por uma renegociação dos valores de royalties que o Spotify paga. Isso porque as músicas não dão tanto lucro, enquanto o podcast de Rogan rende anúncios de US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões).

Sobre o caso, o Spotify disse, em nota oficial, que lamenta a decisão e que espera que, em breve, tudo se resolva. Segundo a empresa, a sua diretriz “proíbe publicações na plataforma que promovam conteúdo perigoso, falso ou enganoso sobre covid-19 que possam causar danos offline e/ou representar uma ameaça direta à saúde pública”.

Por outro lado, afirmaram ao ‘The Wall Street Journal’ na quarta-feira (24) que essa norma, por enquanto, não se aplica para o podcast de Rogan.

Leia mais:

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!