Podemos oficialmente adicionar mais um prato ao cardápio das orcas: as baleias azuis, também conhecidas como “os maiores animais do mundo”. Segundo estudo de campo feito por cientistas do Cetrec WA (“Pesquisa de Cetáceos”, na sigla em inglês), entre 2019 e 2021, grupos de orcas ativamente perseguiram e mataram três baleias-azuis, com os animais nadando para dentro da boca da enorme presa para devorarem suas línguas.

Essa parece ser uma ocasião oportuna para lembrar que sim, a franquia de filmes Free Willy e os inúmeros parques aquáticos são bem enganosos: orcas não são necessariamente dóceis e são grandemente reconhecidas como os “valentões” dos mares: o grande tubarão-branco – um animal que chega, em média, a 4 metros de comprimento e pesa perto de 600 kg (carinhosamente apelidado de “míssil com dentes”) — foge delas.

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A briga entre orcas e tubarões brancos mostra a capacidade de aprendizado das chamadas “baleias assassinas” em caçá-los: a imobilidade tônica (virar o tubarão de cabeça para baixo, deixando-o totalmente imóvel) é um recurso que as orcas aprenderam — segundo rumores — de nós. Instâncias de ataques registrados mostram as orcas se chocando com a lateral de um tubarão, deixando-o tonto para que ela o vire de ponta-cabeça e ataque seu fígado, riquíssimo em nutrientes.

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Sabe o que também é altamente nutritivo? Língua de baleia-azul, aparentemente.

Essa foi a conclusão tirada pelos pesquisadores do vídeo acima, que mostra registros de muitas orcas se juntando para atacar as baleias-azuis em um período de mais ou menos três anos.

Segundo eles, no primeiro ataque registrado (2019), as orcas se juntaram para empurrar, bater e morder uma baleia azul de aproximados 22 metros — duas concentraram seus ataques especificamente na cabeça. Quando a presa já estava morta, cerca de 50 baleias-assassinas se juntaram para devorar o animal. Algumas semanas depois, no mesmo ano, um filhote de baleia-azul de 12 metros foi atacado por mais de 20 orcas. Finalmente, em 2021, uma baleia-azul de 14 metros foi perseguida por 90 minutos e quase 25 km.

Em todos os ataques, pedaços do corpo — como a barbatana dorsal e as partes mais gordas — foram despedaçados. E os ataques na cabeça, veja só, resultaram em partes da língua arrancadas e devoradas.

O estudo ainda serviu para traçar outro paralelo: pesquisas anteriores indicavam que os machos das orcas — que crescem mais que suas fêmeas — é que lideravam os ataques. Entretanto, o pessoal do Cetrec WA tem razões para acreditar que os ataques mencionados vieram de fêmeas — especialmente fêmeas com filhotes recém-nascidos: a necessidade de assegurar alimento para seus filhotes as teria deixado mais agressivas.

Se isso é algo relacionado ao momento maternal vivido pelas orcas ou se há um padrão específico aqui, o estudo ainda não respondeu. O material completo foi publicado no jornal científico Marine Mammal Science.

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