Em razão de um problema com um dos instrumentos do Satélite Geoestacionário Ambiental Operacional 17 (GOES-17), a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA e a Nasa já estão preparando o envio de um substituto.

Atualmente chamado GOES-T, o satélite será lançado, se tudo sair dentro do programado, em 1º de março, às 18h38, (horário de Brasília), partindo da Estação Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, a bordo de um foguete Atlas V da United Launch Alliance (ULA). Ele passará vários meses em um período de comissionamento, até ser declarado operacional, quando, então, receberá o nome de GOES-18.

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O satélite GOES-17 (na época, ainda chamado GOES-S) no Centro Espacial Kennedy da Nasa, antes de seu lançamento, em 1º de março de 2018. Ele será substituído pelo GOES-T (futuro GOES-18) devido a uma falha em sua câmera avançada de linha de base (ABI)
Imagem: NASA/Leif Heimbold

De acordo com a NOAA, o satélite irá monitorar a parte ocidental dos EUA. Conforme dito anteriormente, ele substituirá o GOES-17, de 2018, que está operacional, mas que sofre de um problema de resfriamento em seu instrumento Advanced Baseline Imager (ABI). Após um período de transição, incluindo a entrega de dados, o GOES-17 entrará em armazenamento orbital, segundo consta no site do GOES.

Essa órbita de armazenamento, normalmente, é usada para equipamentos de backup, ou seja, se o principal falhar, outro entra em seu lugar (como um “banco de reserva”). No entanto, no caso do GOES-17, é o contrário. Foi ele quem falhou, portanto, será transferido para esse lugar, de onde poderá ter um dos dois destinos: ou o “consertam”, e ele retorna à operação, ou é desativado.

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Se for esse o caso (que é o que aparenta, já que o GOES-T já está em vias de ser mandado para trabalhar em seu lugar), ele será derrubado ou irá para uma “órbita cemitério”, local onde não causará grandes danos.

Entre as funções do GOES-T estarão: monitorar incêndios florestais, raios, neblina ou tempestades através do Oceano Pacífico, o oeste continental dos EUA, Alasca e Havaí. Ele também atuará como observador do “clima espacial”, detectando tempestades solares, fazendo parte de um sistema maior da NOAA e da Nasa, que monitora a atividade solar para proteger redes de energia, satélites e sistemas de navegação.

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“As observações desses satélites são ainda mais críticas agora, quando os EUA estão experimentando um número recorde de desastres bilionários”, disse Pam Sullivan, diretora do programa GOES-R, da NOAA, aos participantes de uma coletiva de imprensa virtual que aconteceu na terça-feira (1).

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GOES-T faz parte de um grupo de quatro satélites

Tanto o GOES-T (futuro GOES-18) quanto o GOES-17 fazem parte da série GOES-R, que é um programa de quatro satélites, de US$11,7 bilhões no total, destinado a manter o sistema operacional até 2036. Um terceiro satélite da série, GOES-16, foi lançado em 2016 e está operando sobre o leste dos EUA. O quarto, chamado GOES-U, está previsto para ser lançado em 2024, de acordo com a NOAA.

“A série GOES-R tem sido distinta em sua capacidade de detectar incêndios florestais”, disse o cientista do programa na NOAA Dan Lindsey, completando que o GOES-T seria capaz de ajudar a frota com sua própria ABI.

Satélite GOES-T nas instalações da Lockheed Martin, no Colorado, onde foi construído. Imagem: Lockheed Martin

“Os incêndios têm sido muito ativos em todo o continente ocidental dos EUA, e por isso [o grupo de satélites] está em uma posição ideal lá fora para ver de perto esses incêndios”, disse Lindsey. “A ABI é ideal para detectar a assinatura térmica, ou os pontos quentes dos incêndios. Às vezes é até capaz de detectar os incêndios antes do relato do público; essa é uma informação realmente crítica para os bombeiros, para que eles possam cuidar dos incêndios antes que saiam do controle”.

Lindsey acrescentou que a ABI pode até rastrear a fumaça dos incêndios para que os meteorologistas saibam quando as plumas estão se aproximando das principais cidades. Também consegue rastrear cinzas vulcânicas e relâmpagos de tempestades, que exigiriam ajustes nas rotas de voo da aviação. A recente erupção de Tonga, por exemplo, criou uma onda de pressão maciça que foi vista no espaço tanto pelo GOES-16 quanto pelo GOES-17.

“Os benefícios de curto prazo da previsão do GOES-T também contribuirão para melhores previsões de longo alcance, já que o satélite trabalha com o resto da frota e outros satélites”, disse James Yoe, administrador-chefe do Centro Conjunto de Assimilação de Dados por Satélite, que trabalha para usar essas informações para previsões climáticas de longo prazo.

Yoe apontou para métricas como “velocidade do vento e direção em diferentes níveis da atmosfera” como um dos dados que o GOES-T reunirá para melhorar os modelos climáticos. “O mapeador de raios se alimentará de previsões de tempestades, enquanto os olhos no clima solar melhorarão as previsões solares — quando unidos com outras informações de satélites já ativos”, observou Yoe.

O que causou o problema no satélite GOES-17

A causa do mau funcionamento da ABI do GOES-17 foram “detritos de objetos estranhos bloqueando o fluxo de refrigeração em um sistema de tubos com vazamento”, disse Larry Crawford, gerente de programas da ABI na fabricante L3Harris Technologies. “O GOES-T e o futuro GOES-U têm correções de hardware para garantir que o mesmo problema não se repita”, acrescentou.

Segundo Sullivan, as primeiras imagens do GOES-T devem estar disponíveis em maio. Ela esclarece que estas devem ser tratadas como “imagens de teste” e não como imagens operacionais ajustadas e nítidas que serão retransmitidas mais tarde na missão.

Até julho, os dados da ABI do GOES-T devem começar a fluir, permitindo que as previsões meteorológicas tenham acesso aos dados, mesmo que o satélite não esteja totalmente operacional, segundo Sullivan. GOES-T deve ser declarado totalmente operacional até janeiro de 2023, passando a ser chamado, conforme dito acima, de GOES-18.

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