Uma atualização no site da SpaceX afirma que, devido a uma “tempestade geomagnética”, a empresa vai perder 40 dos 49 satélites da Starlink lançados na última quinta-feira (3). Ainda segundo o comunicado, a tempestade causou um aumento de 50% na força de arrasto da atmosfera.

Entenda por “arrasto” o atrito relativo entre uma espaçonave e a atmosfera. Quanto maior ele fica, menor a velocidade desenvolvida pelos satélites. E sem velocidade suficiente para se manter em órbita, eles caem. “Essas tempestades causaram um aquecimento na atmosfera, por isso a densidade atmosférica nas nossas altitudes de entrega de carga aumentou”, diz trecho do comunicado.

Leia também

Evento natural gerou a perda de 40 satélites da Starlink: SpaceX afirma que eles serão desintegrados em sua queda de volta à Terra e não farão contato com o solo
Evento natural gerou a perda de 40 satélites da Starlink. SpaceX afirma que eles serão desintegrados em sua queda de volta à Terra e não atingirão o solo Imagem: AleksandrMorrisovic/Shutterstock

A SpaceX, monitorando a situação, disse que a tempestade geomagnética fez com que a empresa colocasse os satélites da Starlink em modo de segurança para se proteger do evento. Entretanto, o retorno deles às atividades normais não aconteceu.

publicidade

“Análises preliminares mostram que o arrasto ampliado nas baixas altitudes impediu os satélites de deixarem o modo de segurança e começarem as manobras de elevação de órbita, então até 40 dos satélites que enviamos vão reentrar ou já reentraram na atmosfera da Terra”.

Em outras palavras: os satélites vão cair, se já não caíram. Segundo a SpaceX, felizmente nenhum deles oferece qualquer risco de choque com outros satélites e objetos no espaço, e eles devem se desintegrar durante a queda. Com isso, não haverá nenhum destroço e absolutamente nenhuma parte deles atingirá o solo.

A SpaceX propositalmente posiciona seus satélites da Starlink, sua plataforma de internet, em pontos mais baixos da órbita terrestre como medida de segurança. Segundo especialistas, isso é para prevenir que satélites e estágios descartados dos foguetes Falcon 9 contribuam para o acúmulo de lixo espacial. A cerca de 200 km de distância da superfície, satélites defeituosos ou estágios de foguete vão naturalmente reentrar na atmosfera da Terra e serão destruídos na descida.

Apenas os satélites que passam por testes iniciais em órbita tem permissão para elevar sua altitude, indo para cerca de 550 km de distância da superfície.

Nesta situação, uma de duas coisas pode ter acontecido: no primeiro cenário, o ambiente de radiação criado pela tempestade geomagnética pode ter causado danos além de qualquer recuperação aos satélites da Starlink. Um outro cenário seria, bem, o azar: os satélites podem ter saído de órbita tão rapidamente que passaram de um ponto sem retorno.

No segundo caso, isso pode ter sido causado pela tempestade, mas aí não haveria muito o que fazer. É improvável que a SpaceX pudesse prever um acontecimento do tipo — especialmente considerando que ela nunca enfrentou algo assim antes.

De qualquer forma, a lição aprendida não é das mais baratas: ao todo, os 40 satélites condenados devem custar entre US$ 10 milhões e US$ 40 milhões (R$ 52,78 milhões e R$ 211,14 milhões) para a empresa, que agora terá que considerar a ocorrência de tempestades geomagnéticas no seu planejamento de lançamento da Starlink.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!