Um medicamento usado no tratamento de câncer foi eficaz para expulsar o vírus HIV dormente de células de pacientes soropositivos. O medicamento, chamado pembrolizumabe, reverteu a latência do HIV nas células de pessoas com câncer que usam os coquetéis antirretrovirais usados contra  o vírus.

Com a expulsão do vírus HIV, o sistema imune foi capaz de identificar o vírus latente e matar as células infectadas. Segundo os pesquisadores, esse é um passo importante na busca de medicamentos capazes de atacar as células infectadas pelo vírus HIV no organismo.

Ataque direcionado

A capacidade de atacar apenas células infectadas pelo vírus HIV, sem afetar células saudáveis, é um dos maiores desafios dos cientistas para o desenvolvimento de uma vacina. Segundo os pesquisadores, o medicamento age na liberação das moléculas anti-PD-1.

PD-1 é uma sigla para proteína programadora de morte celular, essa proteína tem a função de inibir a ação de células de defesa T capazes de identificar o vírus HIV. Essas células são responsáveis por atacar agentes invasores, como bactérias e vírus, além de células tumorais.

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Algumas dessas células são capazes de armazenar as informações do vírus HIV por muitos anos, e, com auxílio do medicamento, são capazes de ajudar o organismo a identificar as células infectadas pelo vírus e atacá-las.

Células infectadas ficaram visíveis

Pembrolizumabe tem o nome comercial de Keytruda e sua venda é permitida no Brasil. Crédito: FDA/Divulgação

O ensaio clínico com humanos contou com 32 voluntários, sendo 29 deles com carga viral indetectável e apenas três com carga viral acima do nível mínimo para detecção. Cada voluntário recebeu um ciclo de terapia e foi avaliado periodicamente a cada três semanas para contagem das células T.

Na primeira avaliação, houve um aumento na detecção de fragmentos do RNA viral, algo que se repetiu em todas as avaliações. Isso significa que o tratamento teve sucesso em reverter a inibição das células de defesa, o que tornou as células com vírus dormente visíveis.

Pesquisadores pedem cautela

Os resultados foram bastante animadores, porém, ainda são necessários novos ensaios, com uma quantidade maior de voluntários. O objetivo é determinar qual deve ser a dose ideal do medicamento para reverter a dormência do vírus HIV nas células sem causar efeitos colaterais.

Contudo, os pesquisadores ponderam que o medicamento sozinho não deve ser a chave para o desenvolvimento de vacinas e muito menos a cura para o HIV e a Aids. Porém, ao ser usado em conjunto com outras terapias gênicas, como as vacinas de mRNA, pode levar a resultados satisfatórios.

Via: Folha de S. Paulo

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