A Administração Nacional de Segurança Rodoviária (NHTSA) dos EUA decidiu permitir às montadoras adicionar faróis adaptativos – Adaptive Driving Beams (ADB) – nos veículos do país. Regulamentações federais rígidas proibiam a adoção desta tecnologia por lá, sendo que ela já está disponível em muitos modelos da Europa, Canadá, Japão e, sim, do Brasil.

Os faróis adaptativos são uma tecnologia com beamforming automatizado, controlado por um computador que direciona as luzes em diferentes direções. Beamforming, resumidamente, é a formação de feixe ou filtragem espacial, uma técnica de processamento de sinal usada em matrizes de sensores para transmissão ou recepção de sinal direcional.

O que é ADB?

Esta tecnologia smart para os faróis pode, por exemplo, iluminar o caminho diretamente à frente e diminuir as luzes que brilham para fora (que podem cegar os motoristas que se aproximam). Um dos veículos no Brasil que adotam esse tipo de iluminação smart é a Range Rover Sport, com seus faróis Matrix LED e faróis Pixel LED, que possuem sistema de faróis dianteiros adaptativos e também habilitam o sistema de farol adaptável à condução.

Enquanto o primeiro otimiza o feixe do farol para se adaptar a uma variedade de situações de condução (cidade, campo, autoestrada e más condições climáticas), o segundo permite que o condutor use o farol baixo e o farol alto simultaneamente.

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Há variedade entre fabricantes em como essa tecnologia se comporta. No caso da Range Rover, com a divisão do farol principal em duas linhas verticais, os faróis podem criar quatro sombras verticais na frente do carro para evitar ofuscamento, sem precisar rebaixar o feixe principal. Isto é, o sistema permite usar farol alto sem cegar os outros.

Os faróis Digital Matrix da Audi nos modelos E-tron mais recentes. Essa tecnologia é capaz de criar um “tapete” de luz mais brilhante à frente na estrada e até ampliar o feixe para outra faixa em preparação para uma mudança de posição na pista.

Já a tecnologia Peugeot Matrix LED Technology reúne luzes diurnas, faróis de luz baixa e luz alta funcionando dinamicamente, conforme o estado da estrada. Se o veículo estiver se aproximando de outro na direção oposta, o feixe de iluminação criará um túnel de sombra no próprio farol, mantendo clareza no ambiente ao redor sem ofuscar a visão de um outro motorista que esteja na direção oposta.

Por que era proibido nos EUA?

O que sufocava essa questão dos faróis adaptativos nos EUA, basicamente, eram os Padrões Federais de Segurança de Veículos Motorizados (FMVSS nº 108), que especificavam requisitos para lâmpadas e refletores que datam de 1967. Na prática, estavam padronizados somente os feixes binários: altos/baixos.

Em sua decisão final permitindo os faróis adaptativos, a NHTSA procurou “garantir que os sistemas ADB não aumentem o brilho para outros motoristas além dos atuais faróis baixos”. Esta, aliás, foi uma preocupação quando a agência avaliou anteriormente a tecnologia em 2015.

Em 2019, a Associação Automobilística Americana (AAA) realizou uma pesquisa comparativa de faróis americanos e europeus, concluindo que os veículos equipados com ADB na Europa produziam “com menos frequência” brilho para os motoristas que se aproximavam ao subir ladeiras versus veículos americanos sem o recurso.

Entretanto, as montadoras tiveram que conter a tecnologia avançada de iluminação nos EUA. Em vez de adotarem os faróis adaptativos, elas tiveram que incluir recursos como faróis de curva, nos quais o feixe girava na direção da viagem, bem como faróis altos automáticos, que não foram muito bem aceitos por causa da frequência com que podem interpretar mal o tráfego que se aproxima e começar a piscar.

Muitos veículos do país americano estão equipados com esses faróis altos automáticos. São os casos do Lincoln MKZs, Tesla Model 3 e até minivans Chrysler Pacifica. O comportamento desse tipo de iluminação pode se mostrar irregular ao tentar interpretar os faróis que se aproximam em comparação com outras luzes e reflexos.

Então, surgem os faróis adaptativos como uma tecnologia smart capaz de, nessas situações, manter o feixe central, proporcionando a devida visibilidade à frente para o condutor enquanto escurece as extremidades do “cone” do feixe. Em outras palavras, evita que o tráfego em sentido contrário fique cego.

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Imagem: Bigmouse108/iStock

Via The Verge