Um processo para converter restos de equipamentos de proteção individual (EPI) em subprodutos como vinagre e água pode ser um marco em potencial no enfrentamento do problema dos resíduos que enchem aterros sanitários e poluem oceanos e rios.

Máscaras desfiadas, capas, luvas e óculos de segurança de plástico, entre outros itens, são colocados em uma máquina, tendo água quente pressurizada e ar comprimido aplicados no conteúdo. O resultado: água limpa e ácido etanoico (o principal componente do vinagre).

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Pesquisadores transformam EPIs em subprodutos úteis, como água e vinagre. Crédito: Universidade de Auckland

Segundo o site Phys, o processo é realizado a uma temperatura de 300°C e leva cerca de uma hora em uma pequena máquina protótipo instalada em um laboratório na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia.

Além da água e do princípio do vinagre, subprodutos gasosos do processo são oxigênio e baixas concentrações de dióxido de carbono que podem ser descarregadas com segurança. “Esta é uma solução limpa e sem aditivos químicos que será um divisor de águas internacionalmente”, declarou Saied Baroutian, professor associado do Departamento de Engenharia Química e de Materiais da universidade.

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“A tecnologia utilizada é um processo de desconstrução ou valorização hidrotérmica que destrói completamente os resíduos. O líquido produzido no processo é seguro, inerte e pode ser reutilizado — o vinagre (ou ácido acético) pode ser usado para desinfetar e a água pode ser reutilizada para o ciclo de processamento, reduzindo o consumo e ajudando na sustentabilidade”.

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Outro projeto visa preparar os resíduos de EPI para a reutilização

O processo foi desenvolvido em colaboração com a Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde e as Universidades de Otago e Waterloo, no Canadá. É uma das duas soluções inovadoras que se unem para enfrentar o problema dos resíduos de saúde da pandemia de Covid-19, descrito como “ameaçador à saúde humana e ambiental” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em paralelo, Yvonne Anderson, professora do Departamento de Pediatria da Universidade de Auckland, lidera um projeto que usa uma tecnologia revolucionária para desinfetar os EPIs, para que possam ser reutilizados ou reciclados com segurança. 

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“Ao desenvolver duas tecnologias — uma para resíduos reutilizáveis e outra para resíduos que não podem ser reutilizados ou reciclados — estamos fechando o ciclo sobre esse problema sério de resíduos e fornecendo uma solução circular que realmente é limpa e verde”, diz Baroutian.

Agora, as equipes de pesquisa estão tomando medidas para desenvolver as soluções em um sistema piloto e, aprendendo com isso, podem criar uma prova de conceito em larga escala. “Esse é o ponto em que podemos mostrar a tecnologia, garantir que os projetos trabalhem com o fluxo de resíduos de EPI e encontrar financiamento ou potenciais parcerias com organizações comerciais para que essas tecnologias possam ser implementadas na Nova Zelândia e no exterior”, acredita Saeid.

Em termos de custo, os pesquisadores já concluíram uma análise econômica que mostra que um sistema de desconstrução hidrotérmica em larga escala poderia processar resíduos de EPI a um custo comparável à prática atual de autoclavagem e aterro sanitário. “E em termos de meio ambiente, as economias oferecidas são enormes”, disse Saeid.

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