Uma reportagem publicada nesta terça-feira (22) na revista Forbes faz um minucioso trabalho investigativo em busca do hacker que desviou cerca de 3,64 milhões de Ether de organizações autônomas descentralizadas (DAO), em 2016. Com o Ether avaliado em torno de US$ 3 mil, tudo indica que os possíveis desvios do hacker tenham gerado cerca de US$ 11 bilhões.  

Seguindo a trilha das transações de criptografia, as evidências demonstram que quem fez o trabalho criminoso foi Toby Hoenisch, um programador de 36 anos que cresceu na Áustria, fala inglês fluente e estava morando em Singapura na época do hack.

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Ainda de acordo com a matéria, ele era mais conhecido como cofundador e CEO da TendX, que chegou a arrecadar US$ 80 milhões em uma oferta inicial de moedas de 2017, com foco na construção de um cartão de débito criptográfico, iniciativa que acabou fracassando. O valor de mercado desses tokens, que atingiu US$ 535 milhões, agora é de apenas US$ 11 milhões. 

Hacker nega 

Apesar das evidências levantadas pela reportagem, assinada por Laura Shin, que também é autora de um livro sobre criptomoedas, Toby Hoenisch nega as acusações. Inclusive, ele chegou a responder a um e-mail dela após ter recebido alguns documentos que demonstravam evidências de sua participação nos desvios. 

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Em resposta, Hoenish informou que “sua declaração e conclusão são factualmente imprecisas”. Apesar de ter se disponibilizado a fornecer mais detalhes que refutariam as descobertas da investigação, ele nunca mais entrou em contato. 

Na época do roubo do DAO, a rede Ethereum teve que fazer um hard fork, dividindo-se em duas como uma estratégia para restaurar os fundos roubados.   

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Brasileiro teve contribuição na investigação  

A colaboradora da Forbes percebeu que o invasor tentou mudar o Ether para novas carteiras, permanecendo inativas até o final de outubro de 2016, quando começou a tentar usar uma exchange chamada ShapeShift para descontar o dinheiro em bitcoin. 

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Mas a identidade do hacker não era conhecida pelo fato da ShapeShift não demonstrar informações desse tipo, apenas movimentações em blockchain. 

Nos dois meses seguintes, o hacker conseguiu obter 282 bitcoins, o que hoje está valendo US$ 11 milhões. Cerca de 3,4 milhões de Ether foram deixados para trás por uma provável desistência de saque. 

O que parecia o fim da história acabou ganhando um novo capítulo graças ao auxílio do brasileiro Alex Van de Sande, conhecido como Avsa. 

Foi ele quem entrou em contato com Laura para informar que a polícia brasileira havia aberto uma investigação sobre o ataque ao DAO, inclusive podendo ter sido uma vítima. 

Assim, Van de Sande encomendou um relatório forense da empresa de análise de blockchain Coinfirm, mas nesse estágio a polícia já havia encerrado a investigação. 

Cingapura
Tudo indica que o hacker agiu em Singapura, mesmo local onde o austríaco Toby Hoenisch estava vivendo na época do ataque; apesar das acusações ele nega participação no ataque que rendeu US$ 11 bilhões. Imagem: Shutterstock

Os primeiros suspeitos eram um empresário suíço e um desenvolvedor com sede na Rússia. Mas todos estavam na Europa na época do desvio. 

Como os saques foram mapeados em uma programação asiática, tudo voltou-se para Toby Hoenisch, que vivia em Singapura. Posts publicados no Médium sob autoria de Hoenisch sobre o DAO e hard fork evidenciaram ainda mais a possível participação.  

Chapéu Branco

Além disso, na manhã seguinte ao ataque, Hoenisch publicou um tuíte trolando o criador do Ethereum, Vitalik Buterin, abordando a vulnerabilidade do código do DAO.  

Ironicamente, em um post de blog de 2016, vinte dias antes do ataque, Hoenisch também escreveu: “Sou um hacker de chapéu branco”. Essa expressão é utilizada por hackers que descobrem falhas de segurança par ajudar a proteger as organizações contra hackers perigosos.

Mesmo com todas as evidências, até o momento não houve nenhuma prisão e todas as investidas da repórter são consideradas imprecisas pelo acusado. 

Entenda a plataforma Ethereum  

Sendo a segunda rede de criptomoedas, avaliada em US$ 360 bilhões, a Ethereum tem como criador Vitalik Buterin, que conta com mais de 3 milhões de seguidores no Twitter. Ele já publicou vídeos ao lado de Ashton Kutcher e Mila Kunis e se reuniu com Vladimir Putin. 

Todas as tendências mais populares em criptomoedas nos últimos anos foram lançadas na Ethereum: ofertas iniciais de moedas (ICOs), finanças descentralizadas (DeFi), tokens não fungíveis (NFTs) e organizações autônomas descentralizadas (DAOs). 

E foi exatamente nessa plataforma que surgiu uma geração de imitadores de blockchain, muitas vezes chamados de “assassinos do Ethereum”.

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