O X-59, um avião sendo desenvolvido pela Nasa em parceria com a Lockheed Martin para testar formas de voo supersônico mais silenciosas, tem um novo lar. No final de dezembro ele foi transportado das instalações da Skunk Works em Palmdale, na Califórnia, para Fort Worth, no Texas, onde passará por testes estruturais.
Também conhecido como QueSST (sigla para “Quiet SuperSonic Technology, Tecnologia Supersônica Silenciosa), o X-59 busca validar novas formas de voar mais rápido que o som sem gerar o incômodo “estampido sônico” (Sonic Boom), um som que é percebido no solo como um estrondo que pode acordar pessoas, quebrar janelas e até mesmo causar pequenos danos a estruturas,
Este som é o motivo de o governo dos EUA proibir o voo supersônico de passageiros sobre áreas povoadas. Essa decisão contribuiu para o fracasso comercial do Concorde, primeiro avião supersônico de passageiros, que só podia usar a velocidade máxima sobre os oceanos, em rotas como entre a Inglaterra e os EUA.
A Nasa espera que se o X-59 conseguir demonstrar voo supersônico com baixo nível de ruído, as regras possam ser mudadas. Isso abriria as portas para que linhas aéreas possam oferecer voos de costa a costa nos EUA na metade do tempo atual, que é de cerca de seis horas.
A aeronave foi levada ao Texas para a realização de importantes testes estruturais, que vão garantir que ela não vai se despedaçar durante o voo. Segundo Mike Buonanno, engenheiro da Lockheed Martin que é o líder do projeto na empresa, “Nosso local no Texas tem todas as instalações necessárias para realizar os testes. Seria caro, e levaria muito tempo, para projetar e construir essa estrutura do zero em Palmdale. Mas em Fort Woth eles tem […] uma sala de controle completa e todo o equipamento de suporte necessário para fazer esses testes de forma mais eficiente”.
As instalações da Lockheed em Forth Worth são onde o caça F-16 Fighting Falcon foi construído durante muitos anos. Equipamento de teste ainda disponível precisou de algumas modificações para acomodar o nariz do X-59, mais longo que o do F-16, mas essas mudanças não atrapalharam os planos.
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Testes do X-59 vão prepará-lo para o primeiro voo
O teste no Texas tem três objetivos. “O primeiro é garantir que o avião possa lidar com as cargas aerodinâmicas previstas durante o voo”, disse Walter Silva, pesquisador sênior no centro de pesquisa da Nasa em Langley, na Virgínia.
“O segundo objetivo é calibrar os sensores embutidos no X-59 que são projetados para informar ao piloto quanto estresse está sendo medido naquele ponto do avião. Isso é feito comparando o que os sensores dizem com a quantidade conhecida de estresse aplicado durante um teste”.
“O terceiro objetivo é pegar os dados e compará-los com os modelos de computador que usamos para projetar o avião em primeiro lugar e garantir que o que pensávamos que aconteceria seja preciso e que o avião foi construído conforme projetado”, disse Silva.
Quando todos os testes estruturais estiverem concluídos, a equipe — que inclui representantes da NASA e da Lockheed Martin de Palmdale — voltará sua atenção para a realização de testes de calibração dos tanques de combustível.
Os tanques do X-59 serão abastecidos e os sensores de combustível restantes serão verificados, não apenas com o avião nivelado em relação ao solo, mas com ele inclinado e rolando.
Quando esse trabalho estiver concluído, o X-59 será devolvido a Palmdale. O momento exato desse retorno permanece desconhecido por enquanto. “Estaremos em Fort Worth enquanto precisarmos estar lá, até acharmos que os dados são bons e tudo foi realizado para a satisfação de todos.” disse Silva.
Uma vez de volta a Palmdale, o X-59 receberá o restante de seus principais sistemas e subsistemas — seu motor GE, trem de pouso, telas do cockpit, etc. — com a esperança de tê-lo pronto para o primeiro voo no final deste ano.
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