A grande notícia do mundo desta quarta-feira (23) para esta quinta-feira (24) é a invasão da Rússia à Ucrânia, na escalada do conflito entre os dois países do leste europeu. Além dos prejuízos humanos e econômicos, há ainda um mercado que mantém os olhos bem abertos quanto aos impactos que isso pode causa: a indústria de chips semicondutores.

Por enquanto, as grandes fabricantes de chips veem uma interrupção limitada da cadeia de suprimentos. Essa relativa tranquilidade se dá graças ao estoque de matérias-primas e compras diversificadas. Mas, isso é só momentaneamente. A longo prazo, a guerra entre Rússia e Ucrânia pode de fato trazer grande impacto ao setor.

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Com a invasão da Rússia à Ucrânia por terra, ar e mar, a Europa enfrenta uma das maiores crises de segurança em décadas, atingindo ações de empresas de tecnologia que vendem e compram globalmente. O temor é um prolongamento da já existente escassez de chips semicondutores.

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“Todos os conflitos entre países acabam afetando diretamente a economia global porque comprometem o cumprimento de acordos comerciais que envolvem os países conflitantes. No caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, países que detêm territórios ricos em petróleo, gás e minerais diversos, os eventos poderão acentuar a já vivida crise mundial decorrente da pandemia [da Covid-19]“, explicou o analista econômico e político Caio Mastrodomenico, CEO da Vallus Capital e pós-graduado em Mercado financeiro e de capitais, em entrevista ao Olhar Digital.

Fundamental para os lasers usados na fabricação de chips, o néon semicondutor é justamente 90% fornecido pela Ucrânia para os Estados Unidos. Já o gás, subproduto da siderurgia russa, também é purificado no país. Por sua vez, a Rússia é fonte de 35% do paládio usado nos EUA, metal responsável por sensores e memória.

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“Já houve disparada no preço do petróleo e, a longo prazo, sentiremos também escassez de minerais russos empregados nas nossas lavouras, como enxofre e fosfato, que impactará de maneira negativa o nosso PIB (Produto Interno Bruto) futuro. Outro produto escasso já no mundo são os chips e condutores, que podem ser ainda mais afetados pela escassez dos metais nobres russos”, acrescentou o analista.

russia x ucrânia
O presidente russo Vladimir Putin autorizou operação militar no leste da Ucrânia. Imagem: Twitter

O que diz a indústria de chips

Em entrevista anônima à agência internacional de notícias Reuters, um integrante da indústria japonesa de chips disse que, no momento, ainda não dá para sentir um impacto direto, mesmo com as companhias que fornecem os materiais para a fabricação dos semicondutores serem dos países envolvidos no conflito.

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“A disponibilidade desses materiais já está apertada, então qualquer pressão adicional sobre a oferta pode aumentar os preços. Isso, por sua vez, pode levar a preços mais altos de chips”, emendou. Ele ainda enxerga as empresas bem mais preparadas do que nos últimos anos, por causa de outros conflitos.

Os EUA aconselhou a indústria de chips a diversificar os fornecedores, caso a Rússia retalie as sanções do país. Até agora, essas punições visam o gasoduto Nord Stream 2, da Rússia para o restante da Europa, e bancos do maior país do mundo.

Assim, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico (Otan), Jens Stoltenberg, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A ideia é não enviar tropas ao local do conflito, mas que a Rússia pague um preço econômico e político. Von Der Leyen afirmou que ainda nesta quinta os líderes da União Europeia vão debater o impacto planejado das sanções.

“Essas sanções suprimirão o crescimento econômico da Rússia, aumentarão os custos dos empréstimos, aumentarão a inflação, intensificarão a saída de capital e gradualmente corroerão sua base industrial. Nossas medidas enfraquecerão a posição tecnológica da Rússia em áreas-chave nas quais a elite ganha a maior parte de seu dinheiro – isso varia de componentes de alta tecnologia a software de ponta”, completou a diplomata.

Com informações da Reuters e do Uol

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