Uma nova análise de restos esqueléticos de mais de 30 tiranossauros revela diferenças físicas no fêmur, além de outros ossos e estruturas dentárias entre espécimes que poderiam sugerir que esse icônico dinossauro deveria ser dividido em três espécies distintas. De acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (1º) na Evolutionary Biology, o gênero Tyrannosaurus contaria também com o T. Imperator e o T. Regina

Ilustração de Tiranossauro
Paleontólogos acreditam que o Tiranossauro rex não era a única espécie do gênero. Créditos: Shutterstock

Pesquisas anteriores já haviam reconhecido variação entre fósseis dos tiranossauros no fêmur e apontado espécimes com um ou dois dentes incisivos finos em cada lado das extremidades dianteiras da mandíbula.

Gregory Scott Paul, um conhecido paleontologista norte-americano independente, e sua equipe de pesquisadores analisaram os ossos e restos dentários de especificamente 37 espécimes de tiranossauro. Eles compararam a robustez do fêmur em 24 dos espécimes, medida calculada a partir do comprimento e circunferência que dá uma indicação da força do osso. Também foi medido o diâmetro da base dos dentes ou espaço nas gengivas para avaliar se os espécimes tinham um ou dois dentes incisivos finos.

Variação no fêmur não estaria relacionada ao sexo dos animais

Os autores observaram que o fêmur variava entre os espécimes, sendo alguns mais robustos e outros mais delgados. Como havia duas vezes mais fêmures robustos do que os delgados entre os espécimes, isso sugere que não é uma diferença causada pelo sexo, algo que provavelmente resultaria em uma divisão mais equilibrada, segundo os pesquisadores.

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De acordo com o estudo, a variação dos fêmures também não está relacionada ao crescimento do animal, pois foram encontrados fêmures robustos em alguns espécimes juvenis com dois terços do tamanho de um adulto e fêmures afilados foram identificados em alguns espécimes já em plena maturidade.

Entre os espécimes usados no estudo, 28 puderam ser identificados em camadas distintas de sedimentos (estratigrafia) nas formações lancianas superiores de Masstrichtianos na América do Norte (período estimado entre 67,5 a 66 milhões de anos atrás). Os autores compararam os espécimes de tiranossauros com outras espécies de terópodes encontradas em camadas inferiores de sedimentos.

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Seis fêmures robustos de tiranossauros foram encontrados na camada inferior de sedimentos. A variação da robustez do fêmur na camada inferior não foi diferente da de outras espécies terópodes, o que indica que provavelmente apenas uma espécie de Tiranossauro existia neste local. 

Somente um fêmur afilado de tiranossauro foi identificado na camada média com outros cinco na camada superior, ao lado de alguns robustos. A variação da robustez dos ossos na camada superior dos sedimentos foi maior do que a observada em alguns espécimes terópodes anteriores. 

Isso sugere que os espécimes de tiranossauro encontrados em camadas mais altas de sedimentos fisicamente se desenvolveram em formas mais distintas em comparação com espécimes de camadas inferiores, e outros dinossauros.

Combinação de fatores indica três espécies distintas de tiranossauro

“Propomos que as mudanças no fêmur possam ter evoluído ao longo do tempo de um ancestral comum que exibiu fêmures mais robustos para se tornar mais afilado em espécies posteriores”, disse Paul. “As diferenças na robustez do fêmur entre camadas de sedimentos podem ser consideradas distintas o suficiente para que os animais que ali viviam possam ser considerados de espécies separadas”.

Os autores nomeiam duas novas espécies potenciais de tiranossauro com base em sua análise. A primeira, Tyrannosaurus Imperator, refere-se a espécimes encontrados nas camadas inferior e média de sedimentos, caracterizados com fêmures mais robustos e geralmente dois dentes incisivos. 

Já a segunda, Tyrannosaurus Regina, está ligado a espécimes das camadas superior e possivelmente média de sedimentos, caracterizados com fêmures delgados e um dente incisivo. A reconhecida espécie Tyrannosaurus Rex também foi identificada na camada superior e possivelmente média de sedimentos, com espécimes com fêmures mais robustos e apenas um dente incisivo. 

Os autores reconhecem que não podem descartar que a variação observada seja devido a diferenças individuais extremas, ou dimorfismo sexual atípico, em vez de grupos separados. No entanto, eles defendem que a variação física encontrada nos espécimes dos tiranossauros combinados com sua estratigrafia são indicativas da existência de três espécies distintas.

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