Tendo em vista a forte movimentação do mercado em retaliação à Rússia por conta da invasão à Ucrânia, não está sendo diferente com as fabricantes de veículos. Algumas dessas empresas estão limitando, interrompendo ou até mesmo encerrando totalmente as atividades comerciais no país.
Fatores como paralisação de transporte e interrupção de serviços de empresas de logística, como MSC e Maersk, também são importantes para essas tomadas de decisão no país. Houve suspensões em transporte de contêineres de e para a Rússia, resultando em montadoras precisando interromper a produção devido a interrupções na cadeia de suprimentos.
Não necessariamente as empresas estão aderindo explicitamente ao boicote. Em alguns casos, ficou simplesmente impossível trabalhar por conta do boicote.
- Aston Martin
- BMW
- Ford
- General Motors
- Harley-Davidson
- Honda
- Hyundai
- Jaguar Land Rover
- Mercedes-Benz
- Mitsubishi
- Nissan
- Renault
- Skoda
- Toyota
- Volkswagen
- Volvo
A japonesa Toyota deve interromper a produção em sua fábrica na Rússia a partir de amanhã (4), conforme vimos aqui. São produzidos em São Petersburgo modelos RAV4 e Camry, principalmente para o mercado russo. Além disso, a empresa disse que iria parar de exportar veículos para o país. Já sua conterrânea Honda vai interromper a exportação de carros e motocicletas aos consumidores russos, por conta da dificuldade no envio de veículos.
Outra fabricante de carros sediada no Japão que também pode suspender a produção na Rússia é a Mitsubishi. A empresa tem um acordo de joint venture com a PSA Peugeot Citroën, que produz veículos para Peugeot, Citroën e Mitsubishi no país de Putin, em uma fábrica de montagem em Kaluga. Além de potencialmente pausar sua produção, a Mitsubishi disse que pode interromper as vendas de seus carros para os consumidores russos.
A Daimler Truck disse na segunda-feira (28) que interromperia todas as suas atividades comerciais na Rússia, o que inclui uma joint venture com a fabricante de caminhões local Kamaz. Segundo a agência Reuters, a empresa alemã não fornecerá mais componentes para a montadora russa. A parceria já produziu 35 mil veículos para o mercado russo.
Unidas em 2017, as empresas Mercedes-Benz Trucks Vostok e Fuso Kamaz Trucks Vostok começaram separadas em 2009. Em meio às atuais condições, a Mercedes-Benz – antiga controladora da Daimler antes da cisão – também disse que venderia sua participação de 15% na Kamaz.
A fabricante Volvo interrompeu toda a produção em sua fábrica na Rússia – a empresa sueca gera cerca de 3% de suas vendas de compradores russos e disse que suspenderia todas as exportações de veículos para o país até novo aviso. O mesmo fez a americana General Motors (GM), que vende cerca de 3 mil veículos anualmente na Rússia e não tem fábricas lá. Sua conterrânea Ford disse na terça-feira (1) que suspendeu as operações no país até novo aviso.
Suspendendo quase 40% da produção de veículos na Rússia
Na semana passada, a montadora francesa Renault disse que suspenderia algumas operações em suas insalações em território russo devido a gargalos logísticos que causaram escassez de componentes. Respondendo por quase 40% da produção de veículos da Rússia, de acordo com a empresa de pesquisa IHS Markit, a Renault não forneceu detalhes em relação aos cortes de produção, mas a montadora tem três fábricas de carros no país.
Seus principais modelos para compradores de lá são carros como o Kaptur, Duster, Arkana e o Nissan Terrano (fruto da aliança que a francesa possui com a japonesa, que conta também com a Mitsubishi). A Renault também tem participação majoritária na montadora russa AvtoVAZ.
A Hyundai produz cerca de 230 mil carros por ano em suas instalações de São Petersburgo, respondendo por 27,2% da produção de veículos da Rússia. A empresa disse que suspenderia sua fábrica de montagem de automóveis na cidade de 1 a 5 de março, devido a interrupções na cadeia de suprimentos.
Se for interessante, mantém
Entretanto, a fabricante sul-coreana de carros deve retomar as operações na próxima semana, segundo o The Wall Street Journal – que traz que o fechamento não está vinculado à invasão da Ucrânia pela Rússia ou de quaisquer sanções econômicas. A Rússia é um grande mercado para a Hyundai, então a montadora pode tentar não interromper as operações se for interessante.
Já a montadora tcheca Skoda Auto – que faz parte da Volkswagen – disse que limitará parte da produção em suas fábricas domésticas devido à escassez de oferta. Porém, suas operações na Rússia ainda estão funcionando. O país de Putin foi o segundo maior mercado da empresa no ano passado.
Além disso, a unidade russa da matriarca Volkswagen suspendeu temporariamente as entregas de carros aos revendedores até novo aviso. A empresa também acompanha o andamento das sanções impostas à Rússia pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
Outra montadora alemã interrompeu sua exportação para a Rússia na terça-feira. A BMW também disse que interromperia a produção no país devido a gargalos de fornecimento esperados. Os russos também não terão como contar com a Harley-Davidson, que disse na mesma terça-feira que interrompeu negócios e remessas de motocicletas para o país de Vladimir Putin – a Rússia não é um mercado muito significativo para a empresa americana, que possui apenas cerca de 10 concessionárias por lá.
Jaguar Land Rover e a Aston Martin, duas luxuosas montadoras britânicas, também interromperam os embarques de veículos para a Rússia devido a desafios comerciais. No ano passado, a primeira vendeu 6.900 veículos no país, o que representa menos de 2% de suas vendas globais. Já a Aston Martin disse que Rússia e Ucrânia (juntas) representam só 1% de suas vendas globais.
Suspensões de vendas e exportações
Como parte das sanções ocidentais contra a Rússia, muitos bancos russos foram excluídos da Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT). Este é um sistema de mensagens seguro que permite pagamentos internacionais rápidos.
Mais especificamente, uma sociedade cooperativa internacional com sede em Bruxelas, fundada em 1973 por 239 bancos de 15 países com o objetivo de criar um canal de comunicação global entre as instituições, bem como padronizar as transações financeiras internacionais (veja mais aqui). Como resultado, todo o comércio de carros na Rússia junto a modelos estrangeiros e empresas estrangeiras foi muito afetado.
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Imagem: Elena Perova/iStock
Via TechCrunch