A missão Solar Orbiter, operada em conjunto pela NASA e ESA, teve mais uma conquista nesta terça-feira (8). Neste Dia Internacional da Mulher, a sonda que dá nome à missão cruzou a linha que corresponde à metade do caminho entre a Terra e o Sol, preparando-se para sua passagem mais próxima da estrela no próximo dia 26.

O Solar Orbiter cruzar a metade do caminho entre a Terra e o Sol traz uma medida mais prática – além de atravessar uma fronteira espacial importante: nossa estrela emite uma constante corrente de partículas conhecida como “vento solar”. Basicamente, é a forma como o seu campo magnético é levado ao espaço, interagindo com tudo o que toca pelo caminho. Ao passar por esse limite, a Solar Orbiter pode analisar essa corrente, comparando seus dados com o de objetos mais próximos da Terra (como a IRIS, na nossa órbita; e a SOHO, a 1,5 milhão de km de nós), comparando os efeitos desses ventos e conectando eventos aparentemente separados da meteorologia espacial, criando uma linha do tempo com muitas informações para cientistas analisarem.

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Entretanto, os operadores da missão reconhecem que o Solar Orbiter, agora, entra em território incerto: “daqui para frente, nós estamos oficialmente ‘dentro do desconhecido’, ao menos no que tange às observações do Sol feitas pelo Solar Orbiter”, disse Daniel Müller, um cientista de projetos da missão.

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A expectativa agora é a de que a nossa sonda chegue à órbita de Mercúrio – o “primeiro” planeta do sistema solar, mais próximo do Sol – em 14 de março. Ela seguirá nesse ritmo até o dia 26 deste mês, quando esperamos o periélio (nome dado ao ponto da órbita de um corpo espacial onde ele está mais próximo do Sol). Felizmente, a sonda é desenhada para resistir a momentos tão extremos por um bom tempo, o que lhe permitirá capturar imagens de altíssima resolução do “astro-rei”, em vários espectros, por todos os seus instrumentos.

“O que me deixa mais ansiosa é descobrir se todas essas funções dinâmicas que vemos no [instrumento] Extreme Ultraviolet Imager podem acabar aparecendo nos ventos solares ou não. Existem muitas delas”, disse Louise Harra, co-investigadora principal do Physikalisch-Meteorologisches Observatorium Davos/World Radiation Center (PMOD/WRC), na Suíça.

“Funções dinâmicas”, no caso são as chamadas “fogueiras solares”- pequenas explosões que, segundo teoriza a NASA, ocorrem a todo o tempo e ajudam a aquecer a atmosfera ao redor do Sol. Na prática, porém, nós apenas as vimos, nas primeiras imagens mostradas pelo Solar Orbiter em 2020, mas não sabemos para que elas servem.

Todos os olhos estão agora virados para o periélio em Mercúrio. Na ocasião do dia 26, todos os 10 instrumentos do Solar Orbiter estarão operando simultaneamente, no intuito de capturar o máximo de dados possível.

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