Em abril de 2020, um meteoro passou por Júpiter, chamando a atenção da sonda Juno, que orbita o gigante gasoso. O breve e repentino flash na atmosfera superior do maior planeta do nosso sistema solar foi registrado pelo espectrógrafo ultravioleta (UVS) da espaçonave, e os resultados das análises do evento foram divulgados esta semana pela Nasa e publicados na revista científica Geophysical Research Letters.

Sonda Juno, que orbita ao redor de Júpiter desde 2016. Imagem: Merlin74 – Shutterstock

Embora a explosão não tenha durado muito, o que chamou a atenção dos cientistas foi o fato de que suas características espectrais não se alinhavam com o que seria esperado na aurora de Júpiter, indicando que o clarão estaria relacionado a algo estranho à órbita do planeta.

De acordo com a equipe responsável pela missão Juno, o UVS é um instrumento que estuda a luz ultravioleta, especificamente concentrando-se na aurora de Júpiter e procurando gases como hidrogênio em suas observações. 

Uma observação feita pelo instrumento UVS de Juno em abril de 2020 de um meteoro na atmosfera superior de Júpiter. Imagem: Rohini S. Giles, Thomas K. Greathouse, Joshua A. Kammer, G. Randall Gladstone, Bertrand Bonfond, Vincent Hue, Denis C. Grodent, Jean‐Claude Gérard, Maarten H. Versteeg, Scott J. Bolton, John E. P. Connerney, Steven M. Levin

Ao investigar o flash, os pesquisadores entenderam ter sido resultado de um meteoro na atmosfera do planeta, que eles estimam ser proveniente de uma rocha espacial que poderia pesar de 250 kg até 5 toneladas.

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Meteoros são comuns em Júpiter, mas registros são raros

Esta não foi a primeira vez que os cientistas avistaram rochas espaciais na atmosfera joviana. Em setembro e outubro de 2021, dois asteroides diferentes foram vistos zunindo em direção ao planeta, com apenas um mês de diferença entre os eventos.

Enquanto observações mais próximas feitas por instrumentos como o UVS podem dar aos pesquisadores mais informações e permitir que eles confirmem um avistamento como esse, bolas de fogo jovianas podem ser vistas até por pequenos telescópios do solo na Terra. 

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Em 2021, astrônomos amadores no Japão foram capazes de captar um flash na atmosfera de Júpiter, observações que mais tarde foram confirmadas como um meteoro por cientistas.

“Essas bolas de fogo são muito raras, são muito difíceis de serem observadas apenas por acaso”, disse Ricardo Hueso, astrônomo da Universidade do País Basco, na Espanha, que estudou esses avistamentos. “Normalmente, descobrimos um desses impactos a cada dois anos aproximadamente”, explicou ele em entrevista ao site Space.com.

Segundo a equipe da missão Juno, a poderosa atração gravitacional de Júpiter, principalmente devido a seu tamanho, faz dele um alvo provável para impactos de meteoros, ainda que seus avistamentos não sejam sempre possíveis. 

Juno é a terceira missão da Nasa que investiga o planeta gigante 

Na órbita do gigante gasoso desde 2016, a sonda Juno continua monitorando e estudando o planeta em detalhes, revelando novas percepções sobre sua atmosfera, o clima, a evolução e a história de sua formação.

Meteoros já foram captados em Júpiter pela sonda Voyager 1, que faz parte da missão Voyager, em operação desde 1977. Imagem: Nasa

Juno é a terceira missão de longo prazo da Nasa em Júpiter, depois da sonda Galileu, que circulou o planeta de 1995 a 2003, e da sonda Voyager, lançada em 1977 para estudar o sistema solar e até hoje em operação.

“Cada nova observação ajuda a restringir a taxa de impacto global, um elemento importante para entender a composição do planeta”, disseram os membros da equipe Juno em comunicado.

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