É um mal que atinge por igual todas as classes: pode ser carrão ou pode ser carrinho. O veículo pode ser uma nave espacial, com sensores, câmeras, recursos de realidade aumentada, jetpack no porta-malas (ok, nem tanto). Mas, é você tentar ir até a padaria com ele e se arrisca a um desastre. O GPS não conhece endereços óbvios, enfia o motorista em engarrafamentos e, o mais perigoso de tudo, manda fazer manobras proibidas, curvas e retornos ilegais, entrar na contramão.

Por que, afinal, o GPS de fábrica dos carros é tão ruim? E por que, se é tão ruim assim, os fabricantes insistem em instalá-lo?

Na verdade, nem todos os fabricantes insistem. Algumas empresas como a GM já jogaram a toalha e terceirizaram GPS para o celular do dono. Apps como o Google Maps e Waze, afinal, são feitos por empresa cuja especialidade é o desenvolvimento de software, não criar máquinas físicas com rolamentos e graxa. É difícil competir com isso.

Uma das razões de o GPS do carro ser ruim é essa: eles não tem por trás de si monstros como o Google, mas o desenvolvimento interno ou terceirizado por empresas com outras prioridades, inclusive outros recursos tecnológicos mais interessantes para seus carros. Apps de montadoras também costumam não ter nada de espetacular.

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Há ainda o ciclo de atualizações: a maioria dos carros de hoje não está conectada o tempo todo. Atualizações de software, em vários deles, são feitas na concessionária. Mas mesmo em carros com internet, conectados o tempo todo, não recebem o mesmo tipo de atualização do GPS que um app de celular, que está recebendo informações novas constantemente. Se uma rua muda de sentido, isso vai ser refletido muito mais rápido num app que no GPS de um carro.

Google Maps e Waze também entendem congestionamentos porque seus usuários passam informações constantemente a seus servidores. Se há 500 celulares com um app de GPS ativos e andando devagar numa mesma via, o sistema conclui que há um congestionamento, e desvia o motorista. Mesmo se GPS de carro fizessem o mesmo, não haveria uma amostragem tão grande, e o resultado não seria preciso.

GPS de carro: algumas vantagens

Mas, ainda assim, carros vêm com GPS, e aparelhos de GPS ainda são vendidos. Por que? Porque, apesar de tudo, há algumas coisas que um GPS de carro faz que o de um celular não faz.

Um GPS de celular detecta movimento pela triangulação por satélite e por redes Wi-Fi próximas. Um GPS de carro usa também a parte do satélite, mas tem uma vantagem: um carro sabe que está se movendo, quão rápido, e para onde. Quando você, por exemplo, entra num túnel, o GPS de celular se perde, porque não consegue pegar sinal nem dos satélites nem do Wi-Fi. Mas o do carro consegue prever com precisão onde você está.

E uma coisa talvez ainda mais crucial: um GPS de carro contém já os mapas em si. Ele não baixa os mapas em tempo real, como um app de celular. Se isso tem a desvantagem de os mapas serem menos atuais, o outro lado é que, se você ficar sem internet, por exemplo ao andar numa região remota, o carro tem o mapa para tudo. Com seu celular… boa sorte.

As desvantagens do GPS de fábrica dos carros, e sua abolição por alguns fabricantes, são quase certamente fenômenos passageiros. Com o desenvolvimento de tecnologias autônomas, montadoras precisam de sistemas de GPS mais, não menos precisos e ágeis que os do Google e Apple. Para um Gol 2015, depender do celular é um pequeno inconveniente, mas um Tesla Model S fazer isso é inconcebível. Não há Piloto Automático sem um GPS excepcional.

Com graxa, rolamentos e tudo, montadoras simplesmente não poderão se dar ao luxo de não serem boas em GPS. Recentemente, a BMW apresentou seu novo sistema de GPS desenvolvido também para o Brasil, e um dos pontos era justamente atingir locais ermos.

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