O presidente russo Vladimir Putin assinou uma lei que permite a apreensão de aviões comerciais de origem ocidental usados pelas companhias aéreas russas. Isto é: não qualquer avião ocidental parado por lá, mas aqueles em uso pelas empresas do país, como os Boeing 777s e Airbus A-320s da Aeroflot.

É um movimento considerado sem precedentes para a indústria global de aviação, com o valor dos veículos avaliado em US$ 10 bilhões (algo acima dos R$ 51 bilhões).

Com muitos países proibindo voos da Rússia, incluindo toda a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, muitas empresas ocidentais de leasing de aeronaves vêm tentando recuperar os jatos. A UE, aliás, deu um prazo até o dia 28 de março para qualquer empresa europeia recuperar suas propriedades.

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As companhias aéreas russas operam no total 728 aeronaves fabricadas no Ocidente, segundo o banco Jefferies. Acredita-se que 515 não sejam de propriedade dessas empresas russas – em vez disso, os aviões são arrendados de outras empresas, e a lei assinada pelo presidente russo permite que sejam tomadas em definitivo.

Dentre os jatos estrangeiros operando na Rússia (a maioria deles usados ​​pela Aeroflot e S7, as maiores transportadoras do país), estão principalmente modelos da Boeing ou Airbus. Inclusive, a empresa americana e a empresa europeia anunciaram que não fornecerão peças ou suporte técnico para transportadoras russas até novo aviso.

Problemas também na certificação dos jatos

Há ainda outros problemas logísticos para os aviões em espaço aéreo doméstico da Rússia. Todas as aeronaves precisam ser certificadas como aeronavegáveis ​​por seu país de origem, e a maior parte da frota arrendada voando na Rússia perdeu essa certificação.

Sob as novas regras estabelecidas na segunda-feira (14), o Kremlin permitirá que o país forneça certificados de aeronavegabilidade aos aviões e os registre na Rússia, segundo informações da agência de notícias estatal russa Tass. Aí entra um detalhe que vem da época da Segunda Guerra Mundial.

Registrar um avião em dois países ao mesmo tempo não é permitido pelas regras definidas pela Convenção das Nações Unidas de 1944 sobre Aviação Civil Internacional, que estabelece padrões internacionais para o espaço aéreo. Se as companhias aéreas russas decidirem aproveitar a nova lei de Putin e apreender os jatos, registrando-os novamente na Rússia, correm o risco de não poder pousar com eles em nenhum outro lugar.

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Imagem: Pavel Muravev/iStock

Via The Drive