Um estudo publicado na revista Nature mostra que arraias de água doce e peixes ciclídeos conseguem realizar pequenas operações aritméticas, efetivamente sendo capazes de somar e subtrair números menores assim como o fazem alguns mamíferos, répteis e pássaros.

A pesquisa considerou arraias da espécie “Potamotrygon motoro” e peixes zebra mbuna, da família Cichlidae. De acordo com o material, a capacidade aritmética dos animais é independente de “memória”. Em outras palavras, eles não precisaram observar outro indivíduo realizar uma operação para aprendê-la.

Leia também

Arraias de água doce, assim como peixes ciclídeos, são capazes de somar ou subtrair números menores - uma capacidade que eles desenvolveram sem uma necessidade aparente, segundo estudo
Arraias de água doce, assim como peixes ciclídeos, são capazes de somar ou subtrair números menores – uma capacidade que eles desenvolveram sem uma necessidade aparente, segundo estudo (Imagem: slowmotiongli/Shutterstock)

“Os indivíduos não só aprenderam a escolher o número mais alto ou mais baixo com base na cor; ao invés disso, seus aprendizados foram específicos na capacidade de somar um ou subtrair um”, disse a zoóloga da Universidade de Bonn e co-autora do estudo, Vera Schluessel.

publicidade

O método seguido é relativamente simples: os cientistas mostraram às arraias e peixes pequenos cartões com um determinado número de figuras geométricas, e depois esses animais tinham que escolher uma porta que escondia uma recompensa. Por exemplo: os animais perceberam que um cartão com três triângulos azuis significava que a recompensa estava atrás da porta com quatro triângulos – eles somaram um.

As arraias ficaram em desvantagem em relação aos peixes: três dos oito indivíduos testados descobriram a “técnica”, enquanto seis dos oito peixes conseguiram “fazer a conta”. Em compensação, todos os animais foram surpreendentemente adeptos ao processo: 94% dos animais acertaram o processo de soma, e 89% acertaram o processo de subtração. Aliás, a primeira lhes veio mais facilmente que a última: fazer a “conta de menos” exigiu mais sessões de treinamento.

A conclusão é a de que, ainda que seus respectivos habitats naturais não exijam esse conhecimento, os animais são capazes de desenvolvê-lo conforme a necessidade: ambas as espécies – arraias e peixes – são predadores oportunistas – eles não caçam presas, mas esperam elas aparecerem em seus raios de ação. Entretanto, nada em seus hábitos alimentares ou suas capacidades de reprodução requer que eles realizem operações aritméticas.

Ou seja: essa habilidade pode lhes ser útil para alguma demanda que nós ainda não identificamos.

“Uma pergunta mais interessante é a de que porque animais como peixes ainda são comumente vistos como ‘primitivos’ ou ‘vertebrados inferiores’”, diz trecho do estudo. “Nos parece óbvio que peixes, com suas capacidades cognitivas e seus status como animais sencientes precisam ser reavaliados, especificamente considerando os perigos antropogênicos [causados pelo homem] que eles enfrentam todo dia”.

Com a conclusão do estudo, as arraias e peixes se juntam às abelhas – os outros únicos animais não mamíferos, não aviários e não reptilianos capazes de realizar operações matemáticas.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!