Na última sexta-feira (1º), na plataforma de lançamento Pad 39B, no Centro Espacial Kennedy, da NASA, a agência iniciou um teste crítico em seu Sistema de Lançamento Espacial (SLS) completo, incluindo uma contagem regressiva simulada, enquanto a agência se prepara para retornar humanos à Lua a bordo do megafoguete.

O enorme foguete SLS, da missão Artemis-1, iluminado ao anoitecer em cima de uma plataforma de lançamento móvel a caminho da Plataforma de Lançamento 39B do Edifício de Montagem de Veículos no Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Imagem: NASA

Conhecido como “ensaio molhado”, este é o último grande teste antes da missão Artemis-1, um voo não tripulado com duração estimada de 26 dias, durante os quais o foguete e a cápsula Orion serão avaliados em um trajetória circunlunar, ou seja, ao redor da Lua.

O ensaio molhado serve para demonstrar a capacidade da equipe de carregar combustível criogênico no foguete, realizar uma contagem regressiva de lançamento e praticar a remoção segura de propelentes (ou seja, “esvaziar o tanque” do foguete) na plataforma de lançamento.

Água no sistema de supressão de som e carregamento do estágio central

Para dar início aos trabalhos, as equipes encheram com água o sistema de supressão de som, que é usado para amortecer e absorver energia acústica durante a decolagem.

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Por volta das 4h (pelo horário de Brasília) do sábado (2), a equipe de controle de lançamento da missão agregou o estágio central do foguete do SLS, para carregá-lo com mais de 700 mil galões de propelentes. No decorrer do dia, as equipes carregaram as baterias de voo da cápsula Orion, fizeram os preparativos finais em braços umbilicais e realizaram uma vistoria final pré-lançamento.

Embora o tempo no sábado estivesse fechado e com risco de raios, meteorologistas da Força Espacial dos EUA previam condições climáticas favoráveis para a continuidade do teste no domingo (3), com chances mínimas de incidência de raios e 10% de probabilidade de ventos fortes. Para que o ensaio tivesse andamento no domingo (dia previsto para começarem a “encher o tanque”), os ventos não podiam estar acima de 37,5 nós (em torno de 69,5 km/h) e a temperatura deveria estar acima de 5ºC.

Plataforma de lançamento da NASA é atingida por raios

No entanto, ainda no sábado, no cair da noite, uma das torres de para-raios foi atingida, e as equipes precisaram interromper as atividades para avaliar os impactos. O sistema de proteção contra raios consiste em três torres de mais de 180 m de altura que trabalham juntas para proteger o foguete de ser atingido. 

Mais tarde, os engenheiros confirmaram que quatro raios foram captados pelas torres dentro do perímetro da Pad 39B. As equipes disseram que os três primeiros foram descargas elétricas de baixa intensidade para a torre 2 e que continuam a revisar os dados do quarto, que foi maior em intensidade para a torre 1. 

No momento em que os raios atingiram o local, o estágio central da cápsula Orion e do SLS já estavam alimentados, apenas os propulsores e o estágio de propulsão criogênica provisória (ICPS) é que ainda não. 

Megafoguete SLS, com a cápsula Orion a bordo, posicionados na plataforma de lançamento Pad 39B, no Centro Espacial Kennedy, da NASA, aguardando a retomada dos serviços. Imagem: NASA

Na madrugada de sábado para domingo, os engenheiros trabalharam para compensar o tempo em que as atividades ficaram pausadas devido às más condições climáticas, concluindo o abastecimento tanto do ICPS quanto dos propulsores de foguete sólidos. Pouco depois, todo o pessoal não essencial deixou a plataforma de lançamento.

Por volta das 8h45 (horário de Brasília), Charlie Blackwell-Thompson, diretor de lançamento e presidente da equipe de gerenciamento da missão, deu o sinal verde para começar o abastecimento do tanque do foguete com oxigênio líquido e hidrogênio líquido. Nesse momento, todos os elementos estavam energizados, e as equipes colocaram os defletores de chama laterais em posição e completaram os preparativos finais e o fechamento dos braços umbilicais que conectam o lançador móvel ao SLS e à espaçonave Orion.

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Segundo a NASA, os braços umbilicais fornecem energia, comunicação, refrigeração e combustível para diferentes partes do foguete. Acessórios adicionais fornecem acesso e estabilizam o foguete e a espaçonave. Durante o lançamento, cada braço libera de seu ponto de conexão, permitindo que o foguete e a espaçonave decolem com segurança da plataforma de lançamento.

As operações de carregamento criogênico estavam programadas para começar por volta das 9h20 da manhã de domingo. Uma vez que as operações de carregamento do propulsor começassem, o oxigênio líquido (LOX) e o hidrogênio líquido (LH2) fluiriam para o estágio central do foguete, e os tanques de estágio de propulsão criogênica provisórios seriam cobertos e reabastecidos à medida que se esvaziassem.

Carregamento do propulsor foi interrompido por problemas de pressurização

Foram feitas verificações periódicas de vazamento para garantir que o carregamento do propulsor estivesse acontecendo como esperado. Com isso, as equipes decidiram pausar as operações devido à detecção da perda de capacidade de pressurizar o lançador móvel. Os ventiladores são necessários para fornecer pressão positiva sobre as áreas fechadas dentro do lançador móvel e manter fora gases perigosos. Sem essa capacidade, os técnicos não foram capazes de prosseguir com o carregamento remoto dos propulsores no estágio central do foguete e estágio de propulsão criogênica provisória.

De acordo com a NASA, a equipe de controle de lançamento se reunirá nesta segunda-feira (4) para revisar o status das operações antes de decidir se vão continuar com o carregamento do propulsor. A contagem regressiva está programada para 15h40, pelo horário de Brasília, podendo ser acompanhada em tempo real neste link. As condições climáticas parecem favoráveis para prosseguimento do evento, e a NASA já deu o sinal verde para a continuidade do procedimento, conforme o tweet abaixo:

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