Uma startup chamada Pythom até tentou esconder, mas um vídeo de seus engenheiros fugindo de um foguete (chamado “Eiger”) após ele entrar em ignição vem fazendo as rondas na rede mundial de computadores, levando a duras críticas às medidas bem relaxadas de segurança da companhia.

Depois que o vídeo foi ao ar, a empresa tentou veicular uma versão editada, sem a parte do “vai-explodir-corram-por-suas-vidas”, mas como a internet é a internet e tudo aqui é eterno assim que é postado, várias versões já foram disponibilizadas no YouTube – como a que você vê a seguir:

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Por onde começar? Por que há um funcionário (presumidamente, pelo menos) da empresa debaixo do foguete quando ele está sendo verticalizado? Por que os fotógrafos estão tão perto do foguete no momento da ignição? Por que a “cabine de proteção” (de novo, presumidamente) é um trailer?

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Existem muitas formas de definir todo esse fiasco, mas o jornalista americano Eric Berger, do Ars Technica, definiu muito bem no Twitter: “uma aula de como não fazer ciência de foguetes”.

Foi o vídeo incorporado no tuíte dele – originalmente publicado pela própria empresa, aliás – que acabou editado para retirar as partes da “fuga em massa”.

Na postagem publicada em seu blog oficial sobre o evento, a Pythom ainda não conseguiu justificar muito bem o ocorrido: “nós não sabíamos o que iria acontecer. Era nossa primeira tentativa. Tantas partes soltas que tinham que ‘conversar’ entre si. As chances eram de que nada acontecesse; silêncio total. Ou então ele explodiria em pedacinhos na plataforma. Mas espere, e se ele levantar voo? Nós amarramos quatro correntes pesadas à corda elástica de última hora. No melhor cenário, o foguete entraria em ignição, e talvez até subiria alguns centímetros, antes de tombar”.

Esse é o primeiro parágrafo do post, aliás.

Fazendo um módico de justiça à empresa, a forma como o vídeo é apresentado acima dá a entender que se tratava de um teste de disparo estático – ou seja, todo o processo de ignição, incluindo o acionamento do motor, percorre normalmente, com a diferença de que o foguete fica amarrado ao solo ao invés de subir. A ausência de uma “cabeça” no foguete significa que ele não tinha uma carga.

Guardadas as devidas proporções, já vimos gigantes do ramo, como a SpaceX, fazerem isso. A diferença é que Elon Musk não estaria debaixo da Starship durante o teste – ou em suas imediações. Ou nos quilômetros mais próximos. Ou talvez nem mesmo na cidade onde o teste estivesse sendo realizado.

Segundo informações do site oficial, a Pythom desenvolveu o Eiger como “um foguete cujo combustível não precisa de estruturas criogênicas de armazenamento”. O foguete em questão tem capacidade de lançar até 150 quilogramas (kg) de carga à baixa órbita da Terra (LEO). Mais além, a empresa se gaba de “ter poucas pessoas e uma estrutura de escritórios reduzida”, segundo ela, porque a maior parte dos custos do setor aeroespacial são relacionados ao capital humano.

Um mapa no site oficial mostra que a Pythom tem apenas dois escritórios: uma estrutura de manufatura na Califórnia (EUA) e outra de “controle” em Estocolmo (Suécia).

Em um segundo post de atualização no blog, a Pythom negou que tivesse desobedecido práticas já conhecidas de segurança, criticou membros da imprensa que deram espaço à publicação da ocorrido e prometeu tratar do assunto em detalhes durante uma coletiva a ser realizada no dia 21 de abril. A coletiva, diz a empresa, será aberta ao público e vai “apresentar a agora subitamente conhecida Pythom ao mundo e contará com uma sessão de perguntas e respostas”.

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