A Rivian vem encontrando dificuldades para atender às suas demandas de produção. Para este ano, a startup já reduziu a meta de linha de montagem de 40 mil para 25 mil unidades na fábrica de Normal, em Illinois (EUA). O que reflete, na visão do CEO R.J. Scaringe, não uma incompetência da Rivian, mas uma prioridade das empresas de semicondutores a fabricantes mais tradicionais.

“Tenho que ligar para o fornecedor de semicondutores Y e dizer que foi isso que o fornecedor X nos deu, e deixar todos confortáveis porque o sistema [de distribuição e venda de chips] não foi comprovado”, explicou o chefe executivo da montadora à agência de notícias Reuters.

Para Scaringe, os fornecedores de semicondutores refreiam a remessa, pois desconfiam que a Rivian usa a escassez de chips como desculpa para acobertar problemas de produção. “É frustrante”, admite o executivo.

Rivian R1T ganha prêmio da Motor Trend
Rivian R1T (Rivian/Divulgação)

Dan Hearsch, diretor administrativo da empresa de consultoria AlidPartners, acredita que as alegações de Scaringe fazem sentido. Segundo o especialista, os fornecedores de semicondutores privilegiam grandes marcas porque elas se dispõem a pagar por um alto volume de insumos de forma antecipada. Além disso, há desconfiança em torno de jovens fabricantes. “Com base em volume, reputação e consistência, elas [grandes montadoras] são mais atraentes”, disse Hearsch à Reuters.

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Atualmente, a Rivian constrói picapes R1T e SUVs, além de montar vans para a Amazon. Primeira fabricante a lançar uma picape elétrica, ela foi recebida (a princípio) com entusiasmo no mercado até suas ações caírem em mais de 60% nesse ano em relação ao pico de US$ 178,47 em novembro de 2021. O motivo foi justamente o corte de produção para 25 mil unidades na planta de Illinois — comprada da Mitsubishi em 2017.

No primeiro trimestre de 2022, a startup americana montou uma média de 40 veículos por jornada — menos de uma hora de produção, se a fábrica estivesse funcionando com turnos completos.

RJ Scaringe, CEO da Rivian
RJ Scaringe com o protótipo da picape R1T no Salão do Automóvel de Los Angeles, em 2018 (Richard Truesdell/Wikimedia/CC)

Marca não vai precisar de mais financiamento, diz CEO

Apesar da desconfiança no mercado, Scaringe afirmou que, no fim de 2021, a Rivian tinha mais de US$ 18 bilhões em caixa (R$ 83 bilhões, aproximadamente) e que, por conta disso, não deve precisar de capital em curto prazo.

Mais do que isso, ele ressalta, a Rivian precisa começar a autofinanciar suas necessidades de capital. Isso inclui a construção de uma nova linha de montagem na Geórgia, sudeste dos Estados Unidos, para futuras picapes compactas, e investimentos para aperfeiçoar a produção de baterias.

A Rivian ainda quer fabricar suas próprias células de bateria, ao mesmo tempo em que expande sua lista de fornecedores. “Em longo prazo, imaginamos um mundo onde faremos nossas próprias células, e compraremos células de grandes parcerias”, explicou o executivo. “Essas duas não são mutuamente exclusivas.”

Crédito da imagem principal: Jarlet Malevych/Shutterstock

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