Um novo estudo conduzido por cientistas de uma instituição de pesquisa privada de Palo Alto, na Califórnia, EUA, e publicado na revista Nature Communications, aponta que a lua Europa, de Júpiter, tem água mais próxima da superfície do que se pensava anteriormente.

Lua Europa, de Júpiter, contém um vasto oceano de água líquida abaixo de sua superfície. Cientistas apostam que essa água pode estar bem menos profunda do que se imaginava. Imagem: OceanicWanderer/Shutterstock

Montes que cruzam a superfície gelada do satélite natural joviano indicam que há bolsões rasos de água por baixo, aumentando as esperanças na busca por vida extraterrestre, segundo os pesquisadores.

Pesquisa na Groenlândia acendeu a possibilidade

Europa tem sido há muito tempo considerada um lugar propício em nosso sistema solar para se buscar por formas de vida devido ao seu vasto oceano de água em estado líquido — um ingrediente-chave para a vida. De acordo com estudos anteriores, essa água está localizada entre 25 a 30 km sob a concha gelada da lua.

No entanto, segundo cientistas da Universidade de Stanford, a água pode estar mais próxima da superfície do que isso. A descoberta veio em parte por acaso, quando geofísicos que estudavam um manto de gelo na Groenlândia assistiram a uma apresentação sobre a lua Europa e avistaram uma característica que reconheceram.

publicidade

“Estávamos trabalhando em algo totalmente diferente relacionado às mudanças climáticas e seu impacto na superfície da Groenlândia quando vimos esses pequenos cumes duplos”, disse o autor sênior do estudo, Dustin Schroeder, professor de geofísica na Universidade de Stanford.

Eles perceberam que as cristas geladas em forma de M na Groenlândia pareciam versões menores de cumes duplos na Europa, que são a característica mais comum nessa lua. Os cumes duplos de Europa foram fotografados pela primeira vez pela sonda Galileu, da NASA, na década de 1990, mas pouco se sabia sobre como eles foram formados.

Os cientistas usaram um radar de penetração no gelo para observar que os cumes da Groenlândia foram formados quando a água apareceu cerca de 30 metros abaixo da superfície, fraturando o manto de gelo.

“Isso é particularmente emocionante, porque os cientistas estudam cumes duplos na Europa há mais de 20 anos e ainda não chegaram a uma resposta definitiva sobre como os cumes duplos se formam”, disse o principal autor do estudo, Riley Culberg, estudante de Ph.D. em engenharia elétrica em Stanford.

Leia mais:

“Esta foi a primeira vez que pudemos ver algo semelhante acontecer na Terra e realmente observar os processos subsuperfícies que levaram à formação dos cumes”, disse Culberg em entrevista à agência de notícias AFP. “Se os cumes duplos da Europa também se formam dessa maneira, isso sugere que os bolsões de águas rasas devem ter sido (ou talvez ainda sejam) extremamente comuns. A vida ali tem alguma chance”.

Os bolsões de água da lua Europa poderiam ser enterrados cinco quilômetros abaixo da camada de gelo — mas isso ainda seria muito mais fácil de acessar do que o oceano muito mais profundo.

Nova missão da NASA vai penetrar gelo na lua Europa de Júpiter

“Se esses bolsões de água se formarem porque a água do oceano foi forçada através de fraturas na camada de gelo, então é possível que eles preservem evidências de qualquer vida no próprio oceano”, disse Culberg.

Segundo Schroeder, a água mais próxima da superfície também conteria “produtos químicos interessantes” do espaço e de outras luas, aumentando a “possibilidade de que a vida tenha um registro”.

A missão Europa Clipper da NASA, programada para ser lançada em 2024 e chegar em 2030, terá equipamentos de radar de penetração no gelo semelhantes aos usados pelos cientistas que estudam os cumes duplos da Groenlândia. 

Prevê-se que o oceano da Lua tenha mais água do que todos os mares da Terra juntos, de acordo com o site do Europa Clipper. “Se há vida em Europa, quase certamente seria completamente independente da origem da vida na Terra. Isso significaria que a origem da vida deve ser muito fácil em toda a galáxia e além”, disse o cientista do projeto, Robert Pappalardo.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!