Recentemente, o mundo voltou os olhos para casos misteriosos de hepatite que estão surgindo em crianças com menos de 10 anos na Europa. Nesta terça-feira (26), a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou o primeiro óbito em decorrência da infecção. 

A maior parte dos pacientes infectados pela hepatite infantil possuem idades entre 1 e 5 anos. Até o dia 21 de abril, os casos da doença foram registrados no Reino Unido (114), Espanha (13), Israel (12), EUA (9), Dinamarca (6), Irlanda (5), Holanda (4), Itália (4), Noruega (2), França (2), Romênia (1) e Bélgica (1). 

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Ainda não se sabe o que pode estar causando estes novos casos de hepatite, mas a doença já é uma velha conhecida da sociedade. De acordo com a OMS, mais de 1 milhão de pessoas morrem em decorrência da doença todos os anos.  

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Em entrevista ao Olhar Digital, a médica gastroenterologista com especialidade em hepatologia e transplante hepático, Patrícia Almeida, explicou que a hepatite se trata da inflamação das células do fígado.  

A médica contou que o problema no órgão surge após algum tipo de agressão, que “pode ser viral, medicamentosa, alcoólica, gordurosa ou, até mesmo, autoimune”.  

“A hepatite pode ser aguda ou crônica, e causar danos ao fígado e, por vezes, complicações graves, como insuficiência aguda, cirrose, câncer e a necessidade de transplante hepático.” 

Ilustração 3D de um fígado atingido pela hepatite C
A hepatite se trata da inflamação das células do fígado. Imagem: Explode/Shutterstock

Almeida contou ainda que os tipos mais comuns de hepatite são ocasionados por vírus hepatotrópicos (A, B, C, D e E). No entanto, existem alguns vírus menos comuns que também podem ocasionar a doença, são eles: adenovírus replicantes, Covid-19, herpes e citomegalovírus, por exemplo.   

Como ocorre a transmissão da hepatite? 

Patrícia Almeida contou que a transmissão da hepatite pode acontecer de diferentes maneiras a depender do tipo da doença. Por exemplo, as hepatites A e E possuem transmissão fecal/oral, ou seja, pode acontecer pelo contato entre indivíduos, como no sexo oral ou anal, além de também poder ser ocasionada pela ingestão de água ou alimentos contaminados.  

Já as hepatites B, C e D podem ser transmitidas por relações sexuais sem proteção, compartilhamento de objetos perfurocortantes (alicates, agulhas, lâminas de barbear, etc). Elas também podem ser passadas de mãe para filho durante o parto.  

A hepatite D possui uma peculiaridade, para ser desenvolvida é necessário que o paciente também tenha o vírus da hepatite B no organismo. Este tipo da doença é mais comum na região Norte do Brasil.  

Vidros de laboratório com amostras de sangue infectado por hepatite
Imagem: Babul Hosen/Shutterstock

“Os casos recentemente relatados de hepatites na Europa parecem ter relação com o adenovírus replicante. Neste caso, a transmissão das cepas que acometem o trato gastrointestinal costuma ocorrer nos primeiros 4 anos de vida da criança, e a transmissão ocorre por contato fecal-oral, o que acontece quando não se lavam bem as mãos ou com a ingestão de alimentos ou água contaminados”, explicou Almeida.  

Quais os principais sintomas da hepatite?  

A hepatologista ressaltou que muitos tipos de hepatite não geram sintomas, como, por exemplo, a hepatite C que, quando não tratada, pode evoluir para cirrose e câncer de fígado.  

De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas mais comuns em casos de hepatites, são:  

  • Febre; 
  • Fraqueza; 
  • Mal-estar; 
  • Dor abdominal; 
  • Enjoo/náuseas; 
  • Vômitos; 
  • Perda de apetite; 
  • Urina escura (cor de café); 
  • Icterícia (olhos e pele amarelados); 
  • Fezes esbranquiçadas (como massa de vidraceiro). 
Hepatite
Imagem: Alona Siniehina/Shutterstock

Como prevenir?  

Patrícia Almeida ressalta que para prevenir a hepatite é necessário consumir água tratada, lavar bem os alimentos, utilizar preservativo durante as relações sexuais, não compartilhar objetos perfurocortantes e lavar sempre as mãos. A médica ainda alertou que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinação contra a hepatite A e B.  

“Vale ressaltar que testes rápidos e sorologias para identificação de hepatites também são oferecidos gratuitamente pelo SUS, assim como o tratamento para a doença”, concluiu. 

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