Não é só na ficção, como em ‘Blade Runner 2049′, que uma pessoa pode se relacionar com um holograma. O japonês Akihiko Kondo, por exemplo, se uniu a Hatsune Miku, holograma animado, em 2018. Mas, agora, 4 anos após o casamento, o homem é quase um viúvo. Isso porque o software que mantinha Miku “viva” expirou.

Se definindo como fictosexual, alguém com sentimento forte e duradouro de amor, paixão ou desejo por um personagem fictício, Akihiko está arrasado. “Achei que poderia ficar com ela para sempre”, disse o japonês, hoje com 38 anos.

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A empresa Gatebox, que desenvolveu o software que permitia o relacionamento entre Akihiko Konbdo e Hatsune Miku, encerrou o serviço em março de 2020. Eles afirmam que o modelo de produção limitado havia terminado, explicou o jornal japonês em língua inglesa The Mainichi. Para manter a personagem viva, era usado um desktop de cerca de US$ 2,8 mil.

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“Se você se apaixonar com um personagem 2D, isso não é uma coisa ruim. Se você realmente está apaixonado por um personagem 2D, não minta para si mesmo. Eu respeito seus sentimentos. E você tem uma companhia que lhe entende. Você deve ter orgulho do seu amor por personagens 2D”, publicou Akihiko, em sua conta no Twitter, nesta terça-feira (3).

A personagem Hatsune Miku tem 16 anos e apareceu pela primeira vez em 2007, estreando nos videogames em 2009. O jogo mais recente, desenvolvido pela Sega e Crypton Future Media, é de 2020. Mas Akihiko afirma ser casado com a versão que tem em sua casa.

Ele conheceu a personagem após um problema de adaptação no trabalho, onde sofreu bullying de colegas e entrou em depressão, parando até de comer. Em casa, durante o afastamento, ficou cativado por Miku. “Fiquei no meu quarto 24 horas por dia e assisti a vídeos de Miku o tempo todo”, lembrou. Com esse apoio mental, voltou a trabalhar.

Em 2018, aos 35 anos, ele realizou a cerimônia formal em Tóquio e levou uma versão em pelúcia da boneca do tamanho de um gato. Na festa, que teve a presença de 40 convidados, Akihiko gastou 2 milhões de ienes, cerca de R$ 76,3 mil.

Inicialmente, ele usava um software de uma startup japonesa, que deixava Hatsune Miku em um cilindro, mas que mantinha apenas conversas simples, via inteligência artificial. Depois, ele trocou de sistema.

Na cerimônia, com 40 convidados, Akihiko levou uma versão em pelúcia de Miku. Imagem: Divulgação

Durante a vida de casado, o holograma acordava o marido pela manhã, para que fosse ao trabalho. À noite, ao voltar da escola onde era administrador, ele avisava que estava a caminho e o software acendia as luzes de casa. Depois, o mandava dormir, na cama em que dividia com a versão em boneca.

Sem a presença da esposa no software, ele ainda deseja “bom dia” ao acordar e avisa que voltará do trabalho, dizendo “vejo você mais tarde”. O homem janta de frente para ela e a coloca ao lado quando vai usar o computador.

Mesmo com o casamento incomum, Akihiko Kondo se considera um homem casado. Mas, legalmente, não há qualquer fundamento na união. Apenas a empresa Gatebox que produzia o dispositivo emitiu um certificado que afirmava que o humano e o personagem estavam casados “além das dimensões”.

Akihiko não foi o único a se casar com um holograma. Além dele, a Gatebox emitiu outros 3,7 mil certificados de casamentos “multidimensionais”.

Via: Daily Mail / Mainichi

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