Uma rede colaborativa formada por organizações não-governamentais (ONGs), universidades e startups de tecnologia desenvolveu uma plataforma de monitoramento da cobertura e do uso do solo brasileiro. Lançado em 2015, o chamado Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) aponta que o governo federal respondeu a menos de 3% dos alertas de desmatamento desde 2019.

Segundo o consórcio MapBiomas, que utiliza imagens de satélite para acompanhar a destruição da floresta amazônica e de outras regiões do Brasil, foi criada uma ferramenta chamada Monitor de Fiscalização.

Essa ferramenta, que cruza o desmatamento relatado com registros governamentais de multas, prisões e outras respostas das autoridades ambientais indica que, desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência do país, apenas 2,17% dos alertas de desmatamento foram respondidos.

“Apesar da abundância de informações e evidências de crimes ambientais, as medidas de fiscalização do governo ainda estão muito aquém do necessário para conter o desmatamento”, disse Ana Paula Valdiones, do Instituto Centro de Vida (ICV), um dos grupos envolvidos na plataforma.

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De acordo com a plataforma, os casos em que as autoridades federais responderam correspondem a 13,1% do total de área desmatada de janeiro de 2019 a março de 2022.

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Desmatamento da Amazônia brasileira aumentou em 75% em relação à década anterior

Sob a liderança de Bolsonaro, que tem pressionado para abrir terras protegidas para o agronegócio e a mineração, o desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou mais de 75% em relação à década anterior, segundo dados oficiais.

Grupos ambientalistas acusam o presidente de incentivar o desmatamento com suas políticas e retóricas pró-agronegócio e de fechar os olhos para os infratores.

De acordo com o Observatório do Clima, o Ibama gastou apenas 41% de seu orçamento de policiamento alocado no ano passado.

“Os resultados mostram que a impunidade ainda reina quando se trata de desmatamento ilegal no Brasil”, disse Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, em entrevista à Agência France-Presse (AFP), na terça-feira (3).

Procurado pela AFP para comentar os dados, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou.

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