Se você é como milhões de pessoas que reclamam do calor escaldante, principalmente ao longo do verão, saiba que a insatisfação faz sentido e tem comprovação científica. Um estudo da Universidade de Bristol, no Reino Unido, identificou as mais extremas ondas de calor de todos os tempos, ou seja, as temperaturas atingiram, em 2021, altas históricas nunca constatadas desde 1950 e são mais uma comprovação dos impactos das mudanças climáticas no planeta Terra.     

Calor infernal 

A maior onda de calor registrada pelos pesquisadores foi no oeste da América do Norte, em Lytton, na Colúmbia Britânica, que fica no Canadá. Apesar de ser um país conhecido por temperaturas amenas, os termômetros chegaram a 49,6°C no verão passado, causando inúmeros transtornos, como incêndios florestais. Trata-se de um aumento de 4,6°C em relação ao pico anterior. 

Segundo um dos autores da pesquisa, o cientista climático Dr. Vikki Thompson, essas ondas de calor são altamente preocupantes e estão chocando a comunidade científica. E o pior ainda está por vir.  

“Usando modelos climáticos, também descobrimos que os eventos extremos de calor provavelmente aumentarão em magnitude no próximo século – na mesma taxa que a temperatura média local”, alertou. 

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Brasil está na lista das ondas de calor extremas

As ondas de calor em Lytton, que fica a 260 Km de Vancouver, causaram centenas de mortes e danos à infraestrutura da cidade, com imensas perdas na produção agrícola. 

mapa ondas de calor universidade bristol
Mapa mostra a magnitude do maior extremo desde 1950 em cada região; as cores mais escuras indicam extremos maiores. 
Imagem: Universidade de Bristol

Mas há outros países que também entraram na lista das ondas de calor extremas que bateram recordes. Entre eles, está o Brasil. 

Os cientistas perceberam um pico por aqui, em novembro de 1985, com 36,5°C, o que fez o radar das análises se focar nas possíveis consequências que poderão ser vivenciadas pelos países mais carentes em termos econômicos. 

“O estudo expõe vários extremos meteorológicos maiores nas últimas décadas, alguns dos quais registrados em países mais carentes. É importante avaliar a gravidade das ondas de calor em termos de variabilidade de temperatura local, o que pode trazer efeitos mais nocivos ao ecossistema da região”, afirmou Dr. Vikki Thompson. 

Mais calor à vista

Além disso, a equipe de cientistas também usou projeções de sofisticados modelos climáticos para antecipar tendências das futuras ondas de calor ao longo dos próximos anos do século 21. 

E o resultado será um efeito negativo da temperatura global, ou seja, quanto mais houver emissões de CO2 e outros gases poluentes à atmosfera, maiores serão as ondas de calor, com extremos que podem ser ainda bem mais quentes em comparação aos identificados até o momento. 

Dentro dessa realidade, o professor de Ciências Climáticas da Universidade de Bristol, Dann Mitchell, diz que as mudanças climáticas causam os maiores problemas de saúde global da atualidade e que as ondas de calor passaram despercebidas por muitos anos, aspecto altamente preocupante.   

“A carga de calor em nível de país sobre a mortalidade pode chegar a milhares de mortes, e os países que experimentam temperaturas fora de sua faixa normal são os mais suscetíveis a esses choques”, revela o professor. 

Via: PHYS.org

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