Astrônomos descobriram uma estrela de nêutrons – ou “pulsar” – que, para todos os efeitos, deveria ser uma impossibilidade. De acordo com eles, o objeto denominado “PSR J0901-4046” tem uma rotação mais de três vezes mais lenta que o recorde anterior de um objeto da mesma natureza.

Uma estrela de nêutrons é, em termos resumidos, núcleos super densos deixados após a explosão de uma estrela (um fenômeno conhecido como “supernova”). Além de terem uma velocidade de rotação bastante rápida – normalmente, na casa dos milissegundos -, elas também são conhecidas por emitirem radiação de seus pólos.

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Uma estrela de nêutrons nasce do mesmo processo que dá origem aos buracos negros, mas nunca na história da astronomia nós conseguimos observar um objeto do tipo com rotação tão lenta
Uma estrela de nêutrons nasce do mesmo processo que dá origem aos buracos negros, mas nunca na história da astronomia nós conseguimos observar um objeto do tipo com rotação tão lenta (Imagem: ART-ur/Shutterstock)

No caso da “PSR J0901-4046”, porém, ela completa uma volta ao redor dela mesma em 75,88 segundos. O recorde anterior era de 23,5 segundos. Ah, e ela também emite sete sinais diferentes. Segundo os astrônomos que a identificaram, isso não é apenas curioso: a “PSR J0901-4046” deveria ser uma impossibilidade de acordo com os nossos conhecimentos sobre objetos do tipo.

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“De uma forma surpreendente, nós só detectamos emissões de rádio desta fonte por apenas meio por cento de seu período de rotação”, disse a Dra. Manisha Caleb, pesquisadora pós-doutoranda da Universidade de Manchester e autora primária de um estudo focado na descoberta. “Por essa razão, é provável que existam mais exemplos dessas estrelas de rotação lenta na galáxia, o que nos dá implicações importantes no conhecimento de como uma estrela de nêutrons nasce e envelhece. A maioria das pesquisas de pulsares não busca por períodos tão longos de rotação, então não temos nenhuma ideia de quantas delas podem existir”.

Caleb explica que a estrela de nêutrons foi detectada pelo telescópio de rádio MeerKAT, na África do Sul, quando um de seus pulsos apareceu sem querer em uma de suas imagens. Depois disso, oito novas imagens confirmaram a existência do objeto.

O estudo está disponível na revista científica Nature.

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